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Clarice Lispector ou a alegria do descobrimento

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Por Christopher Domínguez Michael No dia 15 de janeiro de 1944, o crítico literário brasileiro Sérgio Milliet observou em seu Diário crítico : “Raramente tem o crítico a alegria da descoberta. Os livros que recebe dos conhecidos consagrados não lhe trazem mais emoções. Já sabe o que contêm, seria capaz de sobre eles escrever sem sequer folheá-los. Quando porém o autor é novo há sempre um minuto de curiosidade intensa: o crítico abre o livro com vontade de achar bom, lê uma página, lê outra, desanima, faz nova tentativa, mas qual! As descobertas são raras mesmo. Pois desta feita uma que me enche de satisfação.”   Milliet (1898-1966), paulista que descobriu sua vocação crítica como jovem testemunha da mítica Semana da Arte Moderna, acabava de descobrir Clarisse (sic) Lispector e seu primeiro romance, Perto do coração selvagem . Seria um pseudônimo? ― perguntou a si mesmo em seu Diário crítico . E logo soube que Clarice Lispector (1920-1977) era uma emigrada judia ucraniana que chegou ao