Billy Budd, de Herman Melville
Por Pedro Fernandes É verdade que o trabalho da literatura, por mais que se acuse do contrário, não se estabelece pela alteração das coisas ou dos destinos sociais. No entanto, nela se manifesta o espaço privilegiado para o aceso debate sobre aspectos que atuam nessas modificações. E, talvez por isso, toda vez que as sociedades recrudescem seus limites de liberdade, logo se encontre na literatura o papel de bode expiatório e, consequentemente lhe imprimam a censura. Exemplos sobre o tratamento questionador exercido por algumas obras estão em toda parte e este pequeno texto de Herman Melville é um deles. Ainda nos instantes iniciais da narrativa, o narrador de Billy Budd recorre ao discurso de verdade para justificar o que conta. Diz estar fora do grupo de ficcionistas que ignoram o fatual e se deixam seduzir pelo fabular; as provas, apressa-se em mostrá-las, se oferecem por uma variedade de atalhos que adiam o acontecimento principal e ao mesmo tempo demonstram que é alguém versa