Tema ou técnica? I – Notas sobre um debate crítico-literário
Por Guilherme Mazzafera “Uma técnica artística não é uma receita: é um conjunto de exigências interiores que condicionam e determinam a forma exterior de uma obra de arte.” Álvaro Lins Kazimir Malevich. Desportistas , 1913. No fragmento XLII do seu Notas de um diário de crítica (1943), ausculta Álvaro Lins: “Uma argumentação que está se formando no íntimo de nossas consciências artísticas, e que eu gostaria de ver tomar corpo e vencer, é a da revalorização do estilo, a da importância da ‘forma’ na obra literária.” Pode-se dizer, sem qualquer dúvida, que o desejo de Lins foi atendido: tal argumentação tornou-se verdadeiro mantra crítico da época, bandeira defendida por nomes como Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Almeida Salles, Antonio Candido, Sérgio Buarque de Holanda, João Cabral de Melo Neto, entre outros, em ensaios veiculados em periódicos entre o final dos anos 1930 e o início dos anos 1950. Em Antonio Candido, por exemplo, nota-se a consciência ag