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Mostrando postagens de agosto 10, 2020

Um passeio pela obra de Anton Tchekhov

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Por Joaquim Serra Anton Tchekhov, 1892. Não só no século XX veríamos o esfacelamento do entendimento através da linguagem. Se em Beckett a sintaxe é subversiva para representar a incomunicabilidade dos seres no mundo pós-guerra, em Tchekhov, mesmo com o pleno exercício das frases acabadas, as personagens nem sempre se entendem através da comunicação, porque são vazias de sentido, ou não encontram uma continuidade do diálogo no interlocutor. O tragicômico Ivan Tolkatchov, o pai de família na peça Trágico à força , depois de seu monólogo no qual mostra seu mundo atarefado, de obrigações e abusos, não obtém do amigo interlocutor uma palavra que o acalme. Tolkatchov entra em cena com um globo de luz, um velocípede de criança, três caixas de chapéus femininos, uma grande trouxa de roupas, um cesto com cerveja e uma infinidade de pacotes pequenos. Pede um revólver emprestado ao amigo e não demora a se lamentar:  “ sou um mártir, sou um trapo. ”  Tolkatchov sente o incômodo