O aprendiz secreto, de António Ramos Rosa
Por Maria Vaz Tudo se inicia na contradição de dizer que “não é altura de dizer nada”. Nunca é altura de dizer alguma coisa quando nos possamos orientar pelo perfeccionismo inatingível, que é sempre caminho para melhorar qualquer coisa. Depois percebemos que, afinal, é altura de dizer alguma coisa. Que é sempre altura de nos assumirmos eternos aprendizes da arte onde as palavras nos encontram, porque supostamente tudo carece de unanimidade, na pluralidade democrática que nos permite, como alude o poeta, mediar enigmas. É da textura do silencio que nasce a palavra, é nele que brotam os sentidos e, muitas vezes, se constroem ideias ou se arejam os frutos da razão. E constatamos todos, tantas vezes, que o seu exercício, às vezes, também é uma fuga e uma força. Todavia, de toda a sua fecundidade, e “supremo elemento de defesa”, tudo se constrói através do antagonismo com a palavra. Do contraste. Do atrito da forma com a sua ausência. Percebemos com esta obra de Antó