Matthias e Maxime, de Xavier Dolan
Por Pedro Fernandes Há um tópico recorrente na filmografia de Xavier Dolan que está na base da narrativa de Matthias e Maxime : o conflito entre gerações e as consequências disso na formação e futura vida individual dos envolvidos. Em dois dos filmes que antecedem esta produção de 2019 ― Eu matei minha mãe , o primeiro trabalho do canadense como diretor e roteirista, premiado no ano de estreia no Festival de Cannes, em 2009, e Mommy (2014) ― o conflito entre filhos e mães funciona como determinante do drama. Aqui, se não diretamente, é uma questão latente, e mesmo não sendo o único elemento problemático, um dos principais. São os três filmes um ensaio acerca do dilema complexo dilema de soltura dos laços de posse que une as crias às suas criações. Neste filme, em que próprio Dolan, além de tudo, assume um dos papéis principais ― por sinal, o melhor e mais acabado personagem pela carga dramática com a qual se distingue e se impõe na cena ― é o impasse entre mã