Juan Marsé, um romancista de ferro
Por Julio José Ordovás Juan Marsé foi testemunha de uma sociedade e de uma época que não queria testemunhas. E foi até o fim, justo como o Coyote de José Mallorquí, sem dar a mínima para as consequências, satirizando os intelectuais orgânicos da Catalunha nacionalista como antes havia caricaturado muitos dos membros da gauche divine radicada em Bocaccio. Marsé também fazia parte da intelligentsia que frequentava aquela boîte onde abundavam os filhinhos e filhinhas de papai, mas nunca esqueceu que aí era apenas um clandestino, como Jim Hawkins, em La Hispaniola . Marsé não tinha ninguém para lhe calar a boca. Zombador e valentão, leal tanto a seus amigos quanto a seus inimigos, riu ferozmente da prosa desarticulada e servil com o pujolismo de Baltasar Porcel, dos sermões insuportáveis de Juan Goytisolo e a careca iluminada de Lluís Llach. Havia uma caricatura de desafio permanente no seu rosto de pistoleiro do western clássico, mas também uma sombra de ternur