De amor e trevas, de Amós Oz
Por Pedro Fernandes Amós Oz. Foto: Leonardo Cendamo. “Aqui está você ― aqui é o centro do mundo”. A lição aprendida por Amós Oz a partir da leitura dos contos de Sherwood Anderson explicitada no desenvolvimento final deste longo itinerário memorialístico que percorre da infância ao nascimento do escritor é uma das chaves de acesso sobre De amor e trevas e este livro uma espécie de farol que ilumina todo o restante de sua vasta produção literária. A expressão assim deslocada de seu contexto pode favorecer ao leitor compreender à luz de certo narcisismo que se imiscui na gênese e por entre um texto autobiográfico. Isso porque se colocar como centro do mundo é, por si só, uma atitude egotista e marcada por um certo pretenciosismo. Mas, nada disso é o que se imprime neste livro e o sentido da expressão relaciona-se com outro gesto, este sim, fundamental a todo escritor porque integra seu longo itinerário de aprendizagem: o mundo sobre o qual escreve é o seu próprio mundo