Quinquilharias, recordações e a alma de Wisława Szymborska
Por Martín López-Veja O Prêmio Nobel de 1996 descobriu para o mundo uma poeta que pouquíssimos conheciam fora da Polônia, receosa às entrevistas e que considerava que se confessar publicamente equivalia a perder a alma. Wisława Szymborska escrevia poemas transparentes que olhavam o mundo de um novo ângulo que se encontrava no interior dos seres e das coisas. Sua resistência em contar mais sobre sua vida do que aquilo que aparecia em seus poemas não intimidou Anna Bikont e Joanna Szczęsna, autoras da biografia Quinquilharias e recordações (Âyinè, tradução de Eneida Favre). Juntas, eles destilaram todas as vicissitudes da vida que habitava em poemas, resenhas, conferências e recitais; conversaram com amigos, reconstruíram sua árvore genealógica, recuperaram textos inéditos e organizaram uma história tão coerente que causou a curiosidade da própria Szymborska, que acabou concordando em se reunir com suas biógrafas, dizendo: “Certo, vamos esclarecer”. O resultado são quas