Retrato do escritor como um amigo
Por Juan Cruz Natalia Ginzburg. Foto: Marka / Reprodução Existem livros que alguém adota como se fossem amigos órfãos. Eles nascem, crescem, se reproduzem, criam outros livros ou outras referências e, assim, tornam-se novos para quem os lê. Mas quando você os descobre, eles são livros singulares que não precisam de nada de você, saem das estante e alcançam as mãos de pessoas que, provavelmente, os amarão da mesma maneira que você, ou até mais, e farão uma melhor leitura, distribuirão uma maior alegria, pois ler é alegrar-se, como quando você se sente feliz com o filho (ou o neto) que, inesperadamente, se mostrou sábio. Nessa adoção do livro, é claro, há uma apropriação indevida, à qual incorro muitas vezes. De uma maneira muito particular, com esses dois cuja adoção me levou a fazer propaganda. São Flores en las grietas ¹, de Richard Ford, e As pequenas virtudes , de Natalia Ginzburg. Os dois livros têm textos que dão as mãos e é isso o que realmente me levou a me ent