A Sibila, de Agustina Bessa-Luís
Por Pedro Fernandes É preciso ler A Sibila para estabelecer contato com toda força do universo ficcional construído por Agustina Bessa-Luís, a escritora que, sozinha, construiu toda uma literatura à parte no interior da ficção portuguesa. A aparição desse romance se deu numa ocasião bastante peculiar: enquanto a literatura de Portugal debatia seus meandros, as implicações entre linguagem e conteúdo ideológico e se prendia aos estatutos mais ou menos determinados da estética neorrealista, responsáveis por obras que ressuscitaram a criação ficcional posterior ao marasmo deixado pelo vazio de Eça de Queirós; é desse período, entretanto, a criação de obras de baixo valor criativo devido ao mero apelo quase panfletário decorrente do que poderíamos designar como o primeiro boom literário neste país. Nada se produziu de igual na literatura portuguesa antes ao que Agustina produziu e os herdeiros da escritora ainda estão por nascer. Esse isolamento, entretanto, não é apenas