Você não estava aqui, de Ken Loach
Por Pedro Fernandes Numa sociedade ideal, sempre que nos apresentassem uma comodidade buscaríamos compreender quantas vidas foram / são sacrificadas para tanto. Mas, se isso não é um efeito coletivo, não é coletiva nossa impossibilidade para a condição do cidadão ideal. Por mais retrocessos que experimentemos (esses nunca deixaram de existir) eles não são um desejo majoritário; nossas tentativas, por malsucedidas que sejam, sempre apostam nessa possibilidade de uma sociedade envolvida o suficiente pelo bom funcionamento da coletividade. É verdade que a acusação repete que o apogeu do individualismo nos afastou do ponto de perdermos de vista qualquer utopia e tem cada vez mais nos afastado de uma compreensão sobre nós e sobre o outro. E é também verdade que essas constatações são cômodas porque produtos de certa desobrigação individual em contribuir para outra possibilidade. O filme de Ken Loach é, em parte, a demonstração de que nem todos estão tomados pela epidemia a