Ferdydurke, de Witold Gombrowicz
Por Pedro Fernandes Basta percorrer o olhar desde o século de aparição e consolidação do romance até os dias vigentes para compreender o domínio da forma no imaginário criativo da literatura universal. Essa influência levou pensadores como György Lukács a pretendê-lo a epopeia da civilização ocidental. As razões para tanto não estão apenas na atualização do protótipo grego, mas na presença do romance na configuração dos modelos sociais vigentes e, claro está, na predominância seja entre criadores literários, seja entre leitores. Embora questionável à luz das leituras posteriores sobre as suspeitas da predominância da épica entre os gregos, a tese do pensador húngaro guarda implicações fundamentais para se pensar essa forma literária, sobretudo pela compreensão do romance enquanto tentativa de alcance de uma totalidade perdida. É esse movimento um dos responsáveis pela força da forma, manifesta no contínuo retrabalhar da sua estrutura e no contínuo esforço dos escritores e