O farol, de Robert Eggers
Por Pedro Fernandes O farol é um filme que nasceu sagrado. Não é apenas a retomada meio nostálgica das primeiras produções cinematográficas o que justifica a sentença. É o desenvolvimento de uma narrativa construída por um processo quase palimpséstico. Mais que uma celebração à sétima arte, o trabalho de Robert Eggers é uma construção feita por dupla sedimentação: do próprio enredo e da narrativa feita do remonte de uma variedade ampla, quase inalcançável de referências caras ao imaginário cultural ocidental. E o melhor: se conceituamos a nova era das narrações como pós-moderna pelo trabalho procedimental dessa natureza, não deixaremos de estar diante de uma produção simultaneamente clássica e contemporânea. Rodado integralmente em película 35mm, com câmeras que eram usadas na primeira metade do século XX, em preto-e-branco, a dorsal do enredo é o mito de Prometeu. Essa referência captada por qualquer espectador logo quando se descobre o profundo interesse de Ephraim