De fotobiografias. A formação de Antonio Candido
Por Pedro Fernandes
Uma
fotobiografia é um arquivo pessoal aberto para o mundo. Quando o registro
fotográfico abandona o espaço íntimo todo um sentido é ampliado ou tornado
outro. E na era da reprodutibilidade, toda fotografia encontra-se suscetível à
manipulação e revisão de seu estatuto. O que dizer das centenas de milhares de
partilha de não fotografias de Clarice Lispector, ou do retrato manipulado de
Frida Kahlo como a adolescente sensual de arma na mão, ou da montagem dos
encontros de Rimbaud e Verlaine sobre os quais não sobram o registro por foto,
ou a falsa imagem de um George Orwell no front depois de adotar um cão
abandonado? Tudo isso significa que a ideia original segundo a qual uma fotografia
é a transformação de um instante em força perene não é mais, sozinha, um conceito
sobre o seu papel. É óbvio que a lógica do mais puro realismo a ela atribuída começou
por se modificar desde o aparecimento do cinema e das diversas técnicas de
manipulação da imagem, nascidas estas últimas com a própria técnica de
fotografar. Mas, terá experimentado uma acentuada transformação nos tempos que
se buscam ineditismos e informações instantâneas.
Acostumou-se
designar o tempo que agora habitamos como a Era da Imagem sobretudo por uma
onipresença do imagético. É possível, sim, que estejamos mesmo num instante de
apogeu da imagem, principalmente, se observamos com a atenção a constituição em
curso de um novo código escritural baseado na iconização da palavra. Mas,
também é verdade que o apelo exercido pela imagem sobre os nossos sentidos não
é novo; tudo nos empurra para o tempo dos rabiscos nas cavernas pelos primeiros
hominídeos, mais tarde para o aparecimento da pintura e, por conseguinte, da
fotografia e toda sorte de apetrechos seus derivados. Quer dizer, o mesmo estranhamento
que deitamos em torno das novas aplicações centradas no uso da imagem não é produto
de um espírito da contemporaneidade: nossos antepassados terão vivido de forma
parecida.
Desde a
popularização da fotografia foi comum que famílias se utilizassem do recurso
para o registro, primeiro, dos eventos de relevância nas suas biografias,
depois, no reparo do cotidiano. Num e noutro momento se criou o álbum como
arquivo para ordenação cronológica dos acontecimentos. Ao seu redor todos se
reuniam para ver e relembrar as histórias registradas; mais tarde, todo material
do tipo passava a constituir parte da herança simbólica, transmitida de geração
para geração até desbotar na linhagem os afetos pelo distanciamento temporal. Mesmo
agora ainda sobrevive a tradição com os álbuns de casamento, de formatura ou das
viagens para fora do país.
Os arquivos
digitais são também derivações daquele modelo primitivo. A fotobiografia, o
livro que reúne os registros fotográficos de alguém, nada mais é que um dos
seus derivados. Sendo que aqui se assume pelo menos dois outros sentidos
derivados da ideia de arquivo e, podemos bem acrescentar, de monumento: o de preservação
e extensão da memória e sua celebração pública. Tudo isso, nos leva a acreditar
que a fotobiografia, qual o álbum de família, participa na tessitura dos fios
da tradição ―
neste caso, coletiva ―, uma vez que ao se ressaltar a vida de alguém,
ressalta-se seu lugar idiossincrático no interior de uma sociedade, oferecendo
aos demais um espelho através do qual as gerações que o contemplam possam, simultaneamente,
entrar em contato com um passado que de alguma maneira lhe pertence e com o
presente introduzindo neste outras possibilidades de curso que possa no futuro
levar quem o contempla à mesma posição alçada pelo rememorado.
Há nesse movimento
uma centelha própria do homem. Por mais que se acuse as gerações atuais de uma
simplificação da memória, um proposital esquecimento e vilipendio da história,
não é outro o sentido que o de eternização o que o leva constituir rastos dos
mais variados nesse mundo o nosso e à parte propiciado pela web: uma
conta no Instagram que se interessa no registro cotidiano das situações vividas
pelo seu usuário é a um só tempo álbum e fotobiografia. Por ela, se permite a
outros e a nós próprios descobrirmos no futuro o que fizemos no passado, como
se tornou recorrente por esses dias que não podemos ir a parte alguma. Os
criadores desses empreendimentos virtuais bem sabem: a conta no Facebook de um
morto pode se tornar, a critério do usuário e da sua família, num memorial. Agora
podemos dizer que de nós restará cinzas e pixels.
________
Desde a
morte de Antonio Candido em 2017, uma variedade de atividades e publicações
ganharam forma, revisitando preocupações e contribuições do seu trabalho intelectual
para os estudos literários no Brasil. Um desses trabalhos foi a publicação de
um livro que reúne vasto material de arquivo fotográfico sobre ele e sua
família ―
das origens até o fim da década de 1950, quando se publicou um dos mais
importantes dos seus trabalhos, Formação da literatura brasileira
(1959). A última fotografia parte desse itinerário fotobiográfico é de julho de
1961, de quando participou do Segundo Congresso Brasileiro de Crítica e
História Literária, realizado em Assis, onde foi parte do primeiro corpo docente
da Faculdade de Letras.
Organizada
por Ana Luisa Escorel, A formação de Antonio Candido não é, como o título
indica, uma fotobiografia usual, daquelas que cobrem toda a vida da personagem
recordada. Chega a ser, para fazer jus ao subtítulo uma biografia ilustrada.
Ao leitor é dada a licença de pensar um pouco mais deste livro. Os termos utilizados
como designativos são excelentes, principalmente porque, na sua objetividade,
muito à maneira do biografado, esclarecem o sentido natural de uma fotobiografia
(uma biografia feita de imagens). Mas, não é bem isso o que o leitor vê: falta
parte substancial do curso de vida mostrada. Entre 1961 e 2017 resta um tempo
formidável, o do homem formado, o homem em ação.
As implicações
aqui são diversas: o vasto material de arquivo; sabedora que a vida pública de
Antonio Candido está registrada na variedade de livros que escreveu, o
interesse exclusivo da organizadora foi oferecer uma resposta à pergunta como a
figura biografada alcançou o lugar que alcançou. Dessa maneira, este livro tem
suas raízes em dois territórios: um literário, visto que flerta com o sentido
de um Bildungsroman, nesse caso, a formação de um intelectual; e um no lugar
criativo de Candido. Deixemos o primeiro, visto que, as semelhanças textuais
são exclusivamente as do sentido de formação, uma vez que o livro agora
comentado, mesmo com o tom romanceado que o conduz, é amparado pelo valor
documental, e falemos um pouco mais sobre o segundo.
Em 1985, Antonio
Candido havia concluído uma monografia que a princípio circulou apenas entre
leitores mais privados e só depois integrou a revista Portuguese Studies
e mais tarde um livro, intitulada Um funcionário de monarquia. No texto,
o intelectual busca estudar uma figura quase sempre desconsiderada pelas
ciências sociais de até então, espécie de self-made man brasileiro: o
funcionário público. Do tempo referido, o do período regencial, os estudos sempre
guardaram melhor interesse ora pelos integrantes da monarquia ora pelo seu
extremo. O próprio, Candido, apesar de natural de uma família abastada está espremido
entre esses dois polos a princípio apresentados como opostos. Essa motivação
por conhecer o terceiro elemento na ribalta brasileira foi sua maneira de,
indiretamente, se fazer visibilizar e se compreender no complexo de forças que
determinam a ordem social do Brasil qual o papel desempenhado por essa força que
não é a de mando mas também não é a oprimida.
Ana Luisa
Escorel parece refazer os passos de Antonio Candido em torno daquele Francisco
Nicolau Toletino, bisavô do biografado. Ainda que no caso do primeiro os passos
não sejam dados a partir de um lugar indiferenciado em relação à elite, seu
percurso se integra em parte ao segundo, visto que, toda a vida dele se pautou,
mesmo que por seus méritos próprios, afinal os tempos eram outros, no serviço
público. No lugar que ocupou, a imagem que sobressai neste itinerário, bem
sabemos, é a do conciliador.
O episódio sobre
a não aprovação para o curso de medicina, como era do querer da família de
Candido, ratificado por um retrato (reproduzido acima) cuja legenda o próprio biografado descreve-se
como “feliz da vida depois de ter sido reprovado no exame para os preparatórios
de medicina”, parece singular nesse sentido. Por duas vezes o jovem tentou
ingresso no pré-médico da Faculdade Paulista de Medicina e tudo não passou disso,
tentativas fracassadas. Essas situações, entretanto, não serviram de
enfrentamentos entre o filho e família: o jovem terá conseguido apaziguar os
ânimos do pai aceitando seu conselho de entrar para a Faculdade de Direito do
Largo São Francisco. Quando começou a frequentar o curso de Direito passou a cursar
a sessão de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade
de São Paulo. Sabemos qual foi o resultado disso. Essa atitude astuciosa é
singular da personalidade do biografado, mas tem tudo da brasilidade que
reparou em Um funcionário de monarquia ou mesmo na leitura inesquecível
sobre Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida;
aqui, sem se preocupar de nos oferecer uma compreensão sobre os benefícios do
acaso na vida da personagem, escaninha o lugar do homem com trânsito entre os
dois planos sociais e que alcança sua posição sem se filiar a nenhuma delas.
Logo, essa
condição conciliadora imiscui-se, assim, na sua atitude como intelectual.
Ao compreender a história do seu país como produto de um conjunto de forças
dialéticas, não se deixou levar pela natureza do militante revolucionário. Esse
lugar é quase sempre retomado nas críticas dirigidas a Antonio Candido; alguns
leitores do seu Formação da literatura brasileira, por exemplo, acusam-no
de se filiar, no âmbito de uma cordialidade, no entendimento apaziguador entre
as forças de domínio e as forças oprimidas. A princípio a crítica guarda com
ela alguma coerência, pela mesma razão da nossa impassibilidade para a
revolução. Mas, nunca deixaremos de recorrer ao pensamento do autor para se
pensar nossa formação literária. Nossos impasses nos arrastaram para o triste pântano
que agora atravessamos, se dele não sairmos mais pobres do que quando entramos
(e tudo indica que não) talvez ainda reste a estes que criticam recorrer ao lugar
defendido por Candido como a saída mais viável para o país.
Há outro tratamento
para a disposição dessa biografia ilustrada. “O tema da família, tratado
no ensaio ‘The Brazilian Family’ [SMITH, Lynn; MARCHANT, Alexander. Brazil:
Portratit of Half a Continent. New York: The Dryden Press, p.291-312], no
qual propõe um estudo sociológico da família brasileira em perspectiva
histórica, se relaciona com este universo de pesquisa que parece ter sido,
posteriormente, desenvolvido por meio de personagens específicos dos quais ele
e Gilda de Mello e Souza herdaram inúmeros documentos”, justifica Laura Escorel
ao acrescentar como aparte no itinerário sobre Antonio Candido materiais
fotográficos dos antepassados do biografado. A fotobiografia, assim, se coloca como
um documento histórico-social sobre a família brasileira ― razão
mais nobre que o princípio narcisista que se costuma estar na base de trabalhos
dessa natureza. De fato, a personagem principal quase nunca é aqui disposta
isoladamente; grande parte dos retratos mostram-na integrada no convívio
familiar, núcleo que pode se dilatar para as relações de convívio de amizade duradouras.
Na primeira
parte deste texto ficou registrado que a fotobiografia participa do trabalho de
constituição de uma tradição. E este livro oferece demonstrações nesse sentido
que estão visíveis além do conjunto de imagens sobre a personagem central da narrativa.
No mesmo texto do qual saiu o excerto citado acima, Laura Escorel, ao se
referir sobre os documentos herdados de família e que agora integram o arquivo geral
do casal Antonio Candido e Gilda de Mello e Souza, antecede um conjunto de
notas para uma breve reprodução de parte de um amplo conjunto de fotografias
que apresenta a família dos dois.
Ora, esses
registros, mais que nos oferecer as raízes genealógicas do biografado,
reafirmam a participação desse livro no longo projeto ainda em constituição: o
do grande retrato sobre o nosso país, evidenciado no parágrafo anterior. Essa dimensão
é importante de sublinhar outra vez porque permite observarmos através desse
arquivo a preocupação maior que acompanha o intelectual: não o isolamento ou
distanciamento desinteressado praticado por outros colegas de profissão, mas
sua integração à comunidade a qual pertence. Essa é talvez a maior herança que
Antonio Candido pôde deixar a todos que o leem e logo consideram seu professor:
a crença inabalável no seu país e no valor da memória sobre o passado como
alternativas para se ler o presente. O exercício aparentemente simples é
continuamente desprezado pelos que acreditam no passado como arquivo morto e o
presente como produto do curso natural das coisas.
Antonio Candido com alunas à porta da Faculdade de Letras de Assis, 1958. |
É possível
mesmo que a geração que morre com Antonio Candido esteja a ser sucedida por uma
estranha linhagem de medíocres. Nada disso é novidade, porque a história dos
homens é feita de passagens injustificáveis. Mas, o estabelecimento público ― em modo
de continuidade de um legado simbólico e de pensamento, patentes em trabalhos
como este publicado pela Ouro sobre azul, é convite a pensar por outra via: a
de quem sempre conseguiu acreditar que, a duras penas, aos solavancos, pouco ou
pouco, em alguma coisa avançamos. No tempo sem Antonio Candido, a obrigação de
reparar como, quando e onde não é mais sua; sua trajetória, entretanto, é agora
modelo e inspiração.
________
Existiu no
Brasil alguma tradição para a fotobiografia. Entre os anos 1970 e 1980,
curiosamente, circulou entre nós uma coleção editada pela Alumbramento e assim
era possível encontrar com alguma facilidade bibliotecas particulares com
presenças de nomes como Manuel Bandeira, Jorge Amado, Mário de Andrade, Carlos
Drummond de Andrade; eram materiais com os recursos mais sofisticados de seu
tempo. Mas, nunca mais existiu, depois disso, um novo trabalho que pudesse
oferecer a possibilidade de olhar para os nossos nomes de sobressalência; esse é
um exercício fundamental para a comunidade ― ao nos fazer enxergar no que melhor
podemos ser se nos oferece uma perspectiva de futuro. Sem essa
possibilidade de futuro, estamos condenados à inanição.
O
desaparecimento das fotobiografias de nossos convívios, logo, diz muito sobre
esse tempo de fezes e emparedamento. Substituímos olhar sobre esses nomes pelos
que oferecem um sentido de vida nua, com suas biografias feitas daquilo que não
são. E, curiosamente, estamos na Era da Imagem. Mas, talvez não; talvez seja agora
a Era da Pós-imagem. Quando a fotografia passou a produzir ilusoriamente as
nossas necessidades em relação à realidade. A questão aqui colocada não quer
estabelecer escalas de valor sobre o registro fotográfico, tampouco uma condena
aos infinitos álbuns fotobiográficos digitais que se multiplicam na web.
Trata-se da necessidade de compreendermos como consumimos a imagem; como puro passatempo
despreocupado ou como uma realidade que afeta nossas experiências individuais,
históricas e sociais.
É óbvio que
não repousa a inocência de acreditar que os registros fotográficos sejam em
algum sentido o que eles aludem; toda imagem é uma aquisição, como bem define
Susan Sontag em Sobre fotografia: “Em sua forma mais simples, temos numa
foto uma posse vicária de uma pessoa ou de uma coisa querida, uma posse que dá
às fotos um pouco de caráter próprio dos objetos únicos. Por meio das fotos,
temos também uma relação de consumidores com os eventos, tanto com os eventos
que fazem parte de nossa experiência como com aqueles que dela não fazem parte ―
uma distinção de tipos de experiência que tal consumo de efeito viciante vem
turvar. Uma terceira forma de aquisição é que, mediante máquinas que criam
imagens e duplicam imagens, podemos adquirir algo como informação (e não como
experiência). De fato, a importância das imagens fotográficas como meio pelo
qual cada vez mais eventos entram em nossa experiência é, por fim, apenas um
resultado de sua eficiência para fornecer conhecimento dissociado da experiência
e dela independente.” A fotobiografia, nesse sentido, não se propõe a uma
contemplação desinteressada.
No caso do
trabalho de Ana Luisa Escorel, as imagens são mediadas por um ensaio biográfico
que se estrutura em quatro momentos: infância, adolescência, juventude e idade
adulta. O texto da organizadora é permeado com passagens diversas colhidas de
anotações do próprio Antonio Candido que se enxertam entre os anos de infância
e da adolescência quando ele mesmo foi o primeiro observador dessas imagens. Esse
tratamento bricoleur do material verbal nos oferece um itinerário guiado
pelo que se expõe, ora narrado por Ana Luisa ora pelo biografado. Esse cuidado não
limita a experiência com o texto visual, pelo contrário, o atribui movimento,
enriquecendo nossa maneira de ler e saber. É pela voz de Antonio Candido que sabemos
sobre eventos como o papel de exímia contadora de histórias depois que os três
filhos estavam maiores exercido por sua mãe, das descrições das várias casas pelas
quais a família passou depois que deixam o Rio de Janeiro para se instalar no
interior de Minas Gerais, arribação motivada em primeiro momento para o
isolamento do surto de gripe espanhola, dos contatos com uma tradição de poesia
e histórias populares ou de situações sobre sua primeira viagem à Europa.
Ainda no texto
que finda o livro, de Laura Escorel, “O perfil de um arquivo”, estão referidos alguns
detalhes sobre o vasto material a partir do qual se selecionou o recorte de A
formação de Antonio Candido e algumas justificativas pela escolha do recorte
temporal tratado. São detalhes que o leitor pode verificar em contato com o
livro. Voltamos a este texto porque algumas de suas observações parecem
complementares ao que dissemos. Uma delas é com os dois grandes grupos
temáticos que formam o arquivo ― “as fotografias de antepassados transmitidas
de geração a geração até serem legadas ao casal, e as fotografias que retratam
o período da vida de ambos” ― oferecem uma panorâmica sobre a história da
fotografia no Brasil, incluindo um exame sobre linguagem e técnicas
fotográficas e sobre a biografia dos fotógrafos que compuseram uma parte
importante da nossa memória. Outra é, como a exposição desse material, são
quase três centenas de fotos reunidas na biografia ilustrada, pode constituir caminhos
variados para futuras pesquisas em campos variados do saber.
As
observações de Laura Escorel não servem exclusivamente para o material em
questão, privilegiado pelo acompanhamento dos que reconhecem seu valor
simbólico e histórico. Mas, para nos interrogar acerca da variedade de arquivos
perecem pelo descaso e o desinteresse públicos em parte variada do Brasil. A
situação nossa é tão grave que, sequer temos alguma dimensão do prejuízo. Ao olhar
para trabalhos como este, que possamos pensar noutras memórias que se perdem
sem que ninguém as note. Isso é parte fundamental de um compromisso ético com o
qual há muito estamos em falta, se é que alguma vez estivemos em dia. Bem
sabemos que nem nisso, em meio a tantas urgências, somos levados a pensar: no
imperativo da nossa pobreza simbólica. Talvez, tudo exista para cair no
esquecimento, mas um povo sem memória não é um povo, é um ajuntamento de
bárbaros.
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