Boletim Letras 360º #383
DO EDITOR
1. Caros
leitores, abaixo estão as notícias divulgadas durante a semana na página no
Facebook (ou não) e a atualização das demais seções deste Boletim com as
recomendações de leitura, assuntos de arredores do campo de interesse do blog e
a sugestão de visita a algumas das publicações apresentadas aqui. Obrigado a
todos pela companhia ― sigamos juntos. Boas leituras!
Alexandre O'Neill. Foto: Nuno Calvet. Obra do poeta português é publicada pela primeira vez no Brasil. |
LANÇAMENTOS
Nova
edição e tradução de um clássico de Robert Louis Stevenson.
Nas sombrias
ruas de Londres, um criminoso sem escrúpulos espreita. Seu nome é Sr. Hyde, e
sua conexão íntima e injustificada com um respeitável médico da vizinhança, o
Dr. Jekyll, é motivo de suspeita. Publicado pela primeira vez em 1886 com o
título Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde, esta novela é um
clássico do autor escocês Robert Louis Stevenson. Seus personagens se tornaram
célebres e influenciaram dezenas de adaptações para o teatro, o cinema e outras
mídias. O livro publicado pela Antofágica tem ilustrações de Adão Iturrusgarai
e tradução de Eneias Tavares e Felipe Castilho.
Ficção
científica de Aleksandr Bogdánov combina a experiência revolucionária do autor
e seus conhecimentos em diversas áreas.
Leonid,
cientista russo e revolucionário bolchevique, é convidado por um estranho
camarada de codinome Menny a fazer uma expedição ao planeta Marte. Após aceitar
o convite, Leonid encontra no planeta vermelho uma sociedade igualitária,
apátrida, sem propriedades privadas, estratificação social ou alienação do
trabalho, de alto nível intelectual, tecnológico e científico, em que a
democracia prospera e os homens e as mulheres são verdadeiramente livres. Publicada
em 1908, esta ficção científica de Aleksandr Bogdánov combina a experiência
revolucionária do autor e seus conhecimentos em diversas áreas (como física,
matemática, astronomia e geografia) para construir o retrato de uma sociedade
técnico-científica em que triunfou a revolução socialista, servindo de espelho
e de guia para as lutas terrenas, e nos fazendo imaginar, a cada página, outro
mundo possível. Estrela vermelha, inédito no Brasil, foi traduzido
diretamente do russo por Paula Vaz de Almeida e Ekaterina Vólkova Américo, que
também assinam o prefácio, no qual situam a obra de Bodgdánov na confluência
entre o momento histórico e o gênero da utopia no século XX. O romance é
publicado pela editora Boitempo.
Ponte sobre
o Drina, livro mais conhecido de Ivo Andrić, Prêmio Nobel de Literatura de
1961, ganha tradução direta do sérvio.
Em novembro
de 1516, um comboio de meninos é levado de Víchegard, na Bósnia, para Istambul,
como paga de sangue para o Sultão. Aboletados nas albardas penduradas nos
cavalos, “são levados para sempre com o intuito de, num mundo estrangeiro,
serem circuncidados, transformados em turcos e, esquecendo a sua religião, sua
terra e origem, passarem a vida nos pelotões dos janízaros ou numa outra função,
mais alta, do Império.” Cinco décadas depois, um desses meninos que atravessara
o rio Drina torna-se o poderoso grão vizir Mehkmedpaxá Sokollu. Ele ordena que
se construa, às suas expensas, uma ponte sobre o verde e caudaloso rio da
cidade em que nasceu. Em 1571, depois de cinco anos de trabalho duro, com
vítimas, sacrifícios e injustiças, é concluída a vistosa ponte de pedra que
liga o ocidente ao oriente. E a imponente ponte sobre o Drina, que dá nome a
este livro, testemunha três séculos e meio da vida cotidiana dos habitantes de
Víchegrad. Seus pequenos dramas, suas pequenas alegrias, suas tragédias.
Gerações se reúnem, costumes se transformam lentamente, as religiões cristã e
muçulmana dialogam e se confrontam, exércitos passam, pessoas são celebradas.
Há epidemias, inundações, execuções, conspirações. Sonhos e esperanças vividos
se transformam em memórias e tradição, e em um reino mítico. No final do século
XIX as mudanças geopolíticas decididas longe dali transformam de maneira
definitiva aquele vilarejo esquecido. Lotika, que dirige o hotel, enxerga a
frondosa ponte da janela de seu escritório buscando um mundo que já não existe.
A tradução é de Aleksandar Jovanović, quem também assina um posfácio, é
publicada pela Grua Livros.
Uma visita
à relação de Mário de Andrade com a música.
Jazz
Rural reúne dois textos de Mário de Andrade e gravações musicais de campo
comandadas por ele na década de 1930 no interior de São Paulo ― cinco gravações
feitas entre 1937–1942, disponíveis através de um QR code na quarta capa. Mário
foi o primeiro diretor do Departamento de Cultura de São Paulo e projetou um
rico conjunto de ações para as instituições públicas culturais ― entre elas a
Discoteca Pública, com um selo para gravação de discos. E não apenas os discos,
mas filmagens, fotografias e anotações feitas pela equipe do Departamento são o
laboratório da famosa “missão de pesquisas folclóricas”, realizada depois em
estados do norte e nordeste. Desses escritos e músicas paulistas deriva a
reflexão contemporânea proposta pelo grupo Jazz Rural, com textos críticos e
composições experimentais inspiradas na pesquisa musical modernista de Mário em
São Paulo. O livro é organizado por Enrique Menezes e publicado pela editora
Hedra.
Novo
livro reúne textos inéditos de Audre Lorde no Brasil.
“Sou uma
lésbica, negra, feminista, guerreira, poeta, mãe, mais forte por causa de todas
as minhas identidades, e sou indivisível”, é assim que Audre Lorde assim se
definia para seus leitores e ouvintes. Sou sua irmã: escritos reunidos é
um conjunto de cerca de vinte textos, vários deles inéditos, encontrados em seu
arquivo. São ensaios, aulas, palestras, apresentações e um diário íntimo que
acompanha sua vida após o diagnóstico de câncer no fígado. Pioneira da
abordagem interseccional no feminismo, Lorde colocava no mesmo plano a opressão
e a dominação de mulheres, homossexuais, populações racializadas e despossuídos
de todo o mundo, fazendo com que suas lutas se tornassem uma só, sem
hierarquizá-las. Lorde participou ativamente da efervescência dos movimentos
negro, feminista e LGBT entre os anos 1960 e 1990. Acompanhou e militou contra
o Apartheid na África do Sul. Como poeta, sua fala e escrita são viscerais,
dotadas de potência capaz de afetar e amplificar a sua audiência. Tornou-se uma
referência de luta e pensamento. O livro é publicado pela Editora Ubu com
tradução de Stephanie Borges.
Nova
edição de O mez da grippe, de Valêncio Xavier.
Essa
narrativa-kinema trata da gripe espanhola, das “tropas alliadas”, de relatos do
passado (ah, D. Lucia, danadinha), das moléstias do peito, dos “obitos de
hontem”. Contempla dos bairros, cinemas e missas de Curityba à grande angular
da Europa na Guerra, numa poética de fluxo e motilidade composta de anúncios e
recortes de jornal, quadras eróticas, colagem, deslocamentos temporais,
absurdo, ironia, comicidade. Tudo isso sim, pela mão firme do Valêncio Xavier
que, como poucos, alcançou excelência no tratamento da fragmentação; sua obra,
que depura e atualiza o Nouveau Roman, o coloca ao lado de Osman Lins,
Julio Cortázar e outros grandíssimos. A nova edição do raro livro é publicada
pela Arte & Letra.
Um dos
clássicos do horror lovecraftiano ganha nova edição.
A nova
edição de O chamado de Cthulhu da Hedra apresenta a figura mais popular
de Lovecraft em publicação bilíngue e com nova e detalhada introdução. Cthulhu
é a mais famosa dentre as criaturas e ambientes de sonho ― ou pesadelo ― de H.
P. Lovecraft, além de ser o centro da série sobre os Grandes Antigos, as
gigantescas e incompreensíveis criaturas anteriores a esta Terra. É a
cristalização, numa imagem, de um tipo específico de terror chamado “cósmico”:
mas um cósmico íntimo e literário. Em Cthulhu se encontram as vertigionosas
características das “altas profundezas”: o monstro que dorme no fundo do mar ―
verde, sombrio, doentio ― de corpo descomunal, com dimensões inqualificáveis.
Uma metamorfose do próprio Kraken, monstro marinho e cefalópode da mitologia
escandinava, o polvo gigante que assombrava as antigas sagas em verso. Nesse
monstro antigo que remontava, Lovecraft pôde encontrar um código de seus
próprios horrores: mas que funcionou bem, porque o verdadeiro mergulho no medo
de um é o mergulho no medo de todos.
A editora
Perspectiva publica Comédias de Goldoni.
Textos
clássicos definem-se pela sua capacidade de atravessar os séculos sem perder a
atualidade e a vitalidade, capazes de serem adaptados, redimensionados e
reestudados sob novas e inesperadas perspectivas, nunca imaginadas sequer pelos
seus autores. Goldoni é um dramaturgo ― o primeiro italiano a viver
efetivamente deste trabalho ― cuja extensa obra, em grande parte, se encaixa à
perfeição nesse perfil. Embora o nome soe familiar, o público brasileiro
conhece pouco ou nada da obra deste grande reformador do teatro italiano de sua
época, que levou aos palcos personagens com profundidade psicológica, contextos
político e social apurados, além do pioneirismo em oferecer grandes papéis a
mulheres. Quase nenhum de seus textos foram publicados aqui. Neste livro,
Alessandra Vannucci, encenadora e pesquisadora, selecionou seis obras-primas
das comédias do autor ― “O teatro cômico”, “Café”, “O mentiroso”, “A dona da
pousada”, “Bafafá” e “O leque” ― para compor a primeira antologia do veneziano
em nosso país, com as peças. Alessandra é autora do prefácio, notas e parte da
tradução realizada com Roberta Barni, Álvaro De Sá, Maria Carolina Lahr e
Ruggero Jacobbi.
Nova
edição e tradução de obra ensaística de Simone Weil.
Quando os
amigos Gustave Thibon e Simone Weil se despediram em uma estação de trem, em
1942, ela lhe entregou uma dezena de cadernos escritos, em sua maioria, em
Marselha, por volta do ano de 1940, quando fugia da invasão alemã. Ela sabia
que não voltaria a vê-lo. Simone Weil morreu no ano seguinte, com 34 anos.
Orientado pelo desejo que Weil manifestou numa carta, de que suas ideias
pudessem mudar de forma e se alojarem sob outra caneta, Thibon editou os
fragmentos dos cadernos e com eles organizou o livro O peso e a graça.
“O sentido do universo”, “Desprendimento”, “Descriação”, “Apagamento”, “O
impossível” são alguns dos 39 capítulos deste livro, publicado agora em nova
tradução para o português por Leda Cartum. O livro sai pela Chão da Feirra.
Obra de
Alexandre O’Neill passa a ser publicada no Brasil pela editora Moinhos.
Importante
nome do surrealismo em Portugal, sendo um dos fundadores do Grupo Surrealista
de Lisboa, com Mário Cesariny, António Pedro, José-Augusto França, a obra de
Alexandre O’Neil (1924-1986) é inédita no Brasil. A editora Moinhos publica em
breve Tempo de fantasmas (com apresentação de Gustavo Rubim) e No
reino da Dinamarca (com apresentação de Joana Meirim).
A coleção Metabiblioteca
editada pela Hedra reúne importantes livros da literatura luso-brasileira.
Do teatro de Artur Azevedo ao romance mais conhecido de Raul Pompeia, de textos
do período colonial brasileiro a contos de Machado de Assis. Alguns dos
primeiros títulos são:
1. José de
Alencar, um dos autores mais lidos do século XIX, aparece em Cartas a favor
da escravidão" com uma faceta menos conhecida: tentando demonstrar a
D. Pedro II que a manutenção da escravatura servia melhor à nação do que seu
fim ― onde expõe os principais traços argumentativos que justificam uma
instituição hoje universalmente condenada. Após terem sido expurgados de sua
obra, esses sete textos políticos antiabolicionistas de Alencar são pela
primeira vez reeditados desde o século XIX. Em franca oposição ao imperador, as
cartas foram publicadas à época sob o título “Ao imperador: novas cartas
políticas de Erasmo (1867–1868)”. Após a abolição nos Estados Unidos (1865), a
escravidão brasileira vinha sofrendo intensa pressão internacional e doméstica.
A presente publicação fornece um precioso material ao público interessado nos
atuais debates sobre relações raciais no país, sendo incontornável para a nossa
historiografia política e literária, bem como para o pensamento da história das
relações raciais e escravidão no Brasil e no mundo. Organizado por Tâmis
Parron, o livro é publicado pela editora Hedra.
2. Teatro
do êxtase reúne cinco peças de Fernando Pessoa, concebidas como poemas
dramáticos e destinadas mais à leitura do que à encenação. “O marinheiro”
(1915), único drama publicado em vida, foi incluído no primeiro número da
revista Orpheu e figura, juntamente com “Fausto”, como sua peça mais
importante. Definida pelo próprio autor como um “drama estático”, a obra de
matriz simbolista apresenta o diálogo entre três mulheres que velam o corpo
de uma donzela, sem nenhuma referência histórica. Ainda estão aqui
reunidos “A morte do príncipe”, que remonta a Hamlet, de Shakespeare; “Diálogo
no jardim do palácio”, com referências platônicas à reflexão sobre o amor e à
dicotomia entre corpo e alma; “Salomé, leituras do tema bíblico da mulher fatal”;
e “Sakyamuni”, representação da ascensão de Siddhartha Gautama ao estado de
iluminação. Provavelmente as peças mais acabadas do autor, apresentam como eixo
comum a concepção pessoana de “êxtase”. O livro publicado pela editora Hedra é
organizado por Caio Gagliardi.
Um poderoso
ensaio para se pensar este e os tempos vindouras.
Não se trata
de epidemiologia, virologia ou qualquer “logia”, a questão aqui é
filosofia. Com efeito, Donatella Di Cesare leciona essa disciplina na
instituição universitária mais antiga da Europa: La Sapienza, em Roma. O que
pensar de uma democracia imunitária, na qual especialistas conquistam cargos no
governo e o estado de emergência é permanente? O que dizer do “distanciamento social”, exceto que ele amplia o fosso entre os ricos
e os que nada têm? Como classificar um vírus capaz de anular a própria ideia de
fronteira? Como classificar os relacionamentos em que todos vivem escondidos atrás
de uma máscara e ninguém ousa se tocar? O vírus tornou manifesta a brutalidade
do capitalismo, que nos conduz a uma espiral devastadora. O que está
acontecendo “não é só uma crise, mas também uma catástrofe em câmera
lenta. O vírus deteve o dispositivo. O que se vê é uma convulsão planetária, o
espasmo produzido pela virulência febril, fim da aceleração em si mesma, que
chegou inexoravelmente ao ponto de inércia. É uma tetanização do mundo”.
Este é o último aviso. Traduzido por Davi Pessoa, Vírus soberano? A
asfixia capitalista é publicado pela editora Âyinè.
LITERATURA
E MEMÓRIA
Fernando
Pessoa fora de Lisboa.
O Museu do
Pão, situado em Seia, em plena Serra da Estrela incorporou ao acervo três novos
objetos que colocam a presença de Fernando nesta casa: uma escrivaninha e um
óculos que pertenceram ao poeta e uma primeira edição do seu único livro
publicado em vida, Mensagem. O objeto de mobiliário estava em destaque
num leilão realizado em maio que incluía material diverso pertencente ao Pessoa
e sua família. Esta mesa de trabalho não é a mais famosa ― a
cômoda onde o poeta costumava escrever é parte da Casa Fernando Pessoa ―
mas é designada a última peça do tipo que lhe pertenceu. As peças integram
agora uma exposição permanente que inclui presenças brasileiras e de língua
espanhola no museu de Seia. Lá estão, por exemplo, Cora Coralina com o poema “O
chão e o pão”, Olavo Bilac e Pablo Neruda. O museu foi aberto em 2002. De
Fernando Pessoa, sobre o pão, são conhecidos textos como “Baila o trigo quando
há vento” e “Repousa sobre o trigo”.
DICAS DE
LEITURA
No dia 9 de
julho de 1980, morreu Vinicius de Moraes, o poeta capaz “de abordar por meio da
métrica e das harmonias tradicionais situações e matérias que os modernistas e
sucessores teriam preferido tratar com verso livre ou verso regular endurecido,
despido de musicalidade”; o poeta que “consegue ser moderno usando metrificação
e cultivando melodia, com uma imaginação renovadora e uma liberdade que quebram
as convenções e conseguem preservar os valores coloquiais”¹. Neste 2020, quatro
décadas, portanto, daquele dia em que “a grande esperada”² nos deixou um pouco
mais órfãos. Nesta e nas próximas seções relembranças para se deixar apaixonar
pela obra de nosso maior dos líricos. ― ¹
Estas passagens são de Antonio Candido em “Um poema de Vinicius de Moraes”,
comentário sobre “Balada do mangue”, incluído em Poemas, sonetos e baladas e
Pátria minha (São Paulo: Companhia das Letras, 2008); ² Termo do próprio
Vinicius de Moraes do poema “A morte”, escrito em 1954.
1. Livro
de sonetos. Este livro foi publicado pela primeira vez em 1957 pela editora
Livros de Portugal; trazia desenhos feitos por Carlos Scliar, o autor do
programa e dos cartazes para Orfeu e um texto de Luiz Santa Cruz. Mais
tarde, na edição publicada exatamente uma década depois, Vinicius acrescentou
outros 25 poemas inéditos; esta foi editada pela Sabiá, casa editorial de Rubem
Braga e Fernando Sabino, com prefácio de Otto Lara Resende. No trabalho de
reedição da obra de Vinicius, a Companhia das Letras manteve boa parte desse
material, preservando integralmente os poemas e acrescentando outros 16
recolhidos de publicações esparsas. Somam-se textos de Alcides Villaça, carta
de Elizabeth Bishop e um conteúdo de arquivo e fotográfico que integra o
restante dos livros da coleção e enriquece a experiência dos leitores. Parece
indispensável conhecer este livro porque a forma poética foi recuperada pelo
poeta e exercitada com o melhor dos vigores na nossa literatura.
2. Para
uma menina com uma flor. Este livro forma com Para viver um grande amor
(1966) uma entrada pelas experiências de Vinicius de Moraes com a crônica.
Neste território da prosa o escritor terá exercido ainda seus dotes como
crítico de cinema durante largo tempo. O livro de 1966 reúne textos escritos
entre 1941 e 1966 veiculados em meios como O Jornal, Diário Carioca, Última
Hora, Flan, Manchete, A Vanguarda e Fatos e fotos.
A seleção desse material é do próprio autor. Aqui o leitor descobrirá algumas
das marcas fundamentais de seus poemas: lirismo, emoção, ironia, apego à
paisagem e ao fato cotidiano, bem como uma inequívoca capacidade de compreensão
das dores e alegrias humanas. O livro, alterna poesia e prosa. As crônicas
guardam as marcas típicas do gênero, como a observação aguda do cotidiano e a
linguagem despojada. Quanto aos poemas, encontram-se, aqui, exemplares de
grande força expressiva, como o impactante “Carta aos puros”. A edição
no novo projeto editorial da Companhia das Letras reúne o prefácio da 1ª
edição, escrito por Vinicius, uma entrevista a Odacir Soares e um posfácio, “O
lado B das paixões”, escrito por Beatriz Rezende.
3. Orfeu
da conceição. O trânsito de Vinicius de Moraes pelo teatro foi recuperado Teatro
em versos; inspirado na tradição clássica se viu escrevendo textos como “Cordélia
e o peregrino” ou “Procura-se uma rosa” e “As feras”. Mas, o texto que o
imortalizou neste gênero foi esta “tragédia carioca” em que Orfeu, o filho de
Apolo que desceu ao Hades para recuperar sua amada Eurídice, é trazido para uma
favela carioca. A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1956
com música de Tom Jobim, inaugurando uma fecunda parceria entre Vinicius e o
compositor, cenários de Oscar Niemeyer e figurinos de Lila Bôscoli. O texto, um
marco na dramaturgia brasileira, combina poesia e música popular, teatro e
canção para explorar a partir de um clássico a realidade social de um país. A
primeira edição em livro trazia desenhos de Carlos Scliar.
VÍDEOS,
VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. Na seção
de vídeos em nossa página no Facebook há vários registros com imagens de
Vinicius de Moraes. Recordamos a leitura do poema “Poética” realizada por ele. Escrito
em Nova York no ano de 1950, o texto foi incluído quatro anos mais tarde em Antologia
poética, livro publicado pela primeira vez pela Editora A Noite.
2. Em 2013
cumpriu-se o primeiro centenário de Vinicius de Moraes. Neste ano, dentre as
várias iniciativas realizadas em torno de seu vasto universo criativo esteve a
abertura de uma página que é um ponto de encontro indispensável a leitores seus
amantes ou curiosos. O arquivo online reúne livros, informações da mais variada
ordem sobre a biografia e os feitos do poeta, material de arquivo, como
fotografias, documentos, vídeos, áudios etc. Enfim, um rico memorial, um
projeto dos poucos na web brasileira.
BAÚ DE
LETRAS
1. Também no
ano de 2013, este blog organizou uma série de textos que revisava aspectos
variados da obra de Vinicius de Moraes: sua incursão pela literatura infantil,
pela música, pelo teatro, a presença das mulheres e do feminino nas suas
criações e sua vivência como crítico são algumas delas. Neste endereço o leitor
pode acessar texto a texto.
2. Em 2008,
dois dias depois do aniversário de Vinicius de Moraes ― celebrado todo dia 19 de
outubro ―
o blog trouxe um dos textos que Antonio Candido escreveu sobre a obra dele. Com
o título que guarda o nome do poetinha, o texto pode ser lido aqui.
.........................
* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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