Marguerite, de Marianne Farley
Por Maria Louzada
Nem sempre um prêmio do Oscar é a garantia de que você irá se encontrar
diante do que pode realmente lhe agradar. Mas sobre Marguerite ― sendo um dos
cinco finalistas do Oscar 2019 de Melhor Curta-Metragem de Ficção ― penso que a
indicação se justifica plenamente, e tomara que leve mais pessoas a assistirem
este belo momento da cinefilia.
O curta-metragem canadense de 2017, quase que modulado em cena
pelo silêncio nos seus 19 minutos de projeção que vai se desenrolando diante de
nossos olhos, nos fala da delicadeza de sentimentos. É um tema sutil,
intimista, reflexivo.
Trata-se de uma mulher idosa (Béatrice Picard) que está
se reconhecendo na identidade interna de sua jovem enfermeira domiciliar (Sandrine
Bisson). Um amor entre mulheres que não pôde ser reconhecido no passado e que
no presente já pode se expandir mais. A identificação humana através do
sofrimento das regras de uma sociedade vai desaguando numa preciosa cena
carregada de emoção e sentimentos plenamente dignificados diante do espectador
mais sensível.
A direção é impecável. Ao final da história nos faz querer mais, sem que
com isso se diga que o curta não se completa. Foi dirigido por uma atriz e
cineasta canadense Marianne Farley (também a roteirista aqui) que iniciou sua
carreira como cantora. Marianne exibiu-nos uma daquelas histórias profundas,
porém carregadas de simplicidade. Pura Arte. Foi dirigido, escrito, atuado e
produzido por mulheres.
Cabe a nós mulheres garimparmos o
universo em franca expansão de um novo olhar feminino seja pela ótica do
cinema, seja pela ótica literária ou onde mais nossos caminhos nos levarmos e
validarmos. Assistam.
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