Boletim Letras 360º #372
DO EDITOR
1. O Boletim
Letras 360º que reúne informações disponibilizadas (ou não) na página do Letras
no Facebook. Obrigado pela companhia e, boas leituras!
2. Reforço
o pedido que se tornou universal: se puder, fique em casa. E estar em casa é
sempre uma oportunidade de ouro para ler.
Hermann Hesse. Novos títulos do escritor voltam aos leitores brasileiros. |
LANÇAMENTOS
Diários índios traz os registros de duas temporadas de Darcy Ribeiro entre os
anos de 1949 e 1951 entre os Urubus-Kaapor, em plena região amazônica. O livro ganha
nova edição pela Global Editora.
Este é um
dos últimos livros publicados por Darcy Ribeiro; um instigante relato de seu
amor pelos índios. Organizador do Museu do Índio e responsável pelo plano de
criação do Parque Indígena do Xingu, o antropólogo conheceu como poucos a alma
daqueles que habitavam o Brasil antes da chegada dos europeus. Com uma
linguagem fluente e de maneira bastante despretensiosa, o livro traz os
registros de duas temporadas de Darcy Ribeiro entre os anos de 1949 e 1951
entre os Urubus-Kaapor, em plena região amazônica, além de aspectos cruciais
sobre a economia dos Urubus-Kaapor, sua rica tradição oral, suas ligações com
os elementos da natureza, suas relações de parentesco, suas práticas de caça,
pesca e coleta, todo um sistema de valores, enfim, que compunham os modos de
vida deste importante grupo étnico. De forma apaixonante, o antropólogo concebe
suas observações como se estivesse relatando-as para sua companheira Berta
Ribeiro, o que acaba por conferir ao texto um tom de correspondência, o qual
atrai e aproxima o leitor. Assim, Darcy Ribeiro recompõe um universo de valores
que nos apontam para formas de convivialidade distintas daquelas praticadas e
conhecidas no mundo urbano.
Novo título
nas reedições da obra de Bartolomeu Campos de Queirós pela Global Editora.
Como será
que um autor escreve? Será que ele planeja ou tem a inspiração? Como conversar
sobre isso? Cada escritor tem seu percurso, tem sua forma de se relacionar com
o texto. Este livro é uma declaração de amor à escrita, a cada letra que é
desenhada pelo poeta. E o que o leva a escrever? Já pensou? É a coceira nos
dedos, como diz o autor. A vontade de escrever é maior do que o poeta! De palavras
cheias de musicalidade: fio, novelo, sonho, pedra, fruto, miolo, Bartolomeu nos
faz pensar sobre a nossa existência, cujo fio é mais fino do que a teia da
aranha. Como uma metáfora da vida, O fio da palavra está para todas
as idades, pela força poética, pelos jogos de palavras e pelo trabalho com
questões tão universais: a vida, a morte, o amor, o brincar, o desenhar, o
inscrever-se na literatura. Ser sujeito que lê e que escreve.
Que
país é esse, de Francesca Borri
Todos
conhecemos alguém que esteve nas Maldivas. Mas quantos de nós sabem que é um
país muçulmano? E que é o país com o maior número per capita de foreign
fighters? Nas Maldivas, todos conhecem alguém que esteve na Síria. Apesar da
alegada universalidade do "califado", os jihadistas são muito
influenciados pelos contextos nacionais. Com frequência, na escolha de se
alistar, a marginalização econômica e social tem um papel mais decisivo do que
a religião. Ícone do turismo de luxo, sinônimo de paraíso, as Maldivas estão na
verdade entre as ilhas mais inóspitas do planeta. A população está concentrada
na capital, Male, uma das cidades mais superlotadas do mundo, vítima da
pobreza, crime e heroína. Bilhões de dólares vêm do turismo, que acabam nas
mãos de um punhado de empresários próximos ao governo, que não tolera qualquer
dissidência. Nesta reportagem, não apenas os jihadistas falam. Seus irmãos e
amigos falam. Que, mesmo que não compartilhem suas razões, não se opõem a elas,
porque não se sentem parte do mundo contra o qual lutam. Os jihadistas nas
Maldivas não são os desequilibrados. Eles são nossos motoristas e garçons. Que país é esse, de Francesca Borri é traduzido por Anna Palma e
publicado pela editora Ayiné.
As primeiras
leituras sobre um mundo em pandemia.
A epidemia
do novo coronavírus candidata-se a ser a emergência de saúde mais importante de
nossa época. Ela nos revela a complexidade do mundo em que habitamos, de suas
lógicas sociais, políticas, econômicas, interpessoais e psíquicas. O que estamos
atravessando requer um esforço de imaginação que, em um regime normal, não
estamos acostumados a realizar. No contágio, somos um único organismo, uma
comunidade que abarca a totalidade dos seres humanos. No contágio, a falta de
solidariedade é antes de tudo um defeito de imaginação. "Não tenho medo de
ficar doente. De que, então? De tudo aquilo que o contágio pode mudar. De
descobrir que o alicerce da civilização que conheço é um castelo de cartas.
Tenho medo da anulação, mas também de seu oposto: que o medo passe sem deixar
para trás uma mudança." No contágio, do italiano Paolo Giordano foi
traduzido por Davi Pessoa e sai pela editora Ayiné.
OS LIVROS
POR VIR
Dois novos romances de Hermann Hesse.
Knulp,
livro que reúne três histórias da vida de um andarilho e é um dos mais
encantadores trabalhos de Hermann Hesse foi publicado neste mês pela Editora
Todavia. A publicação abre uma série de livros do escritor alemão que retornam
aos leitores brasileiros. A casa editorial anunciou nas suas redes sociais a
capa dos dois próximos lançamentos: Rosshalde e Peter
Camenzind. O primeiro lida com o casamento fracassado do protagonista, o
pintor Johann Veraguth e sua esposa Adele. O segundo, publicado em 1904, é o
primeiro romance de Hermann Hesse; é um livro, portanto, que contém uma série
de temas seminais de seus trabalhos posteriores, principalmente a busca do
indivíduo por uma identidade espiritual e física única entre os cenários da
natureza e da civilização moderna, e o papel da arte na formação de pessoas.
DICAS DE
LEITURA
O dia 23 de
abril foi escolhido pela UNESCO em 1955 para celebrar o Dia Mundial do Livro e
do Direito do Autor. A data visa sublinhar o valor do livro e o prazer da
leitura na formação sociocultural das pessoas. As dicas de leitura deste boletim,
associadas a esta celebração, trazem livros sobre livros.
1. A
primeira recomendação é para os três primeiros livros editados pela Ateliê e
Edições SESC São Paulo para a Coleção Bibliofilia: O que é um livro?, de
João Adolfo Hansen. Neste ensaio o autor reflete sobre os múltiplos
significados do livro. Em Da argila à nuvem, um texto de Yann Sordet, o
leitor perfaz uma viagem desde o aparecimento livro, no segundo milênio antes
de Cristo ao desenvolvimento da escrita e as várias possibilidades assumidas
por esse objeto que é um dos mais importantes da cultura humana. O terceiro
volume, A sabedoria do bibliotecário, reúne um ensaio de Michel Melot no
qual presta uma homenagem ao profissional que cuida em várias frentes desses
objetos: do auxílio do leitor à conservação e preservação.
2. A
biblioteca à noite, de Alberto Manguel. Depois de viver em vários
países, Manguel encontra numa aldeia francesa o lugar perfeito para reunir seus
livros: um galpão medieval em ruínas anexo à casa paroquial, que adquire e
reforma, e onde vive há alguns anos. Aos poucos, a biblioteca toma forma a partir
de pedras soltas, caixotes abertos, pilhas de livros, reminiscências e
idiossincrasias de seu dono. O dom narrativo de Manguel faz de cada questão
prática – qual a forma ideal de um acervo, em que ordem dispor os livros, que
obras manter e que obras descartar – o ensejo para passeios eruditos por
bibliotecas antigas e modernas, de papel ou de bits, povoadas pelos tipos mais
desvairados e cativantes. Este livro reúne quinze ensaios que esmiúçam os
valores e sentidos representados no ato de colecionar livros: afinal, ao longo
da história as bibliotecas simbolizaram as aspirações e pesadelos mais díspares
da humanidade. A tradução de Samuel Tintan Jr. foi publicada pela Companhia das
Letras.
3. O último
leitor, de Ricardo Piglia. Como Jorge Luis Borges, o escritor argentino
Ricardo Piglia é avesso às fronteiras tradicionais entre os gêneros literários
e, sobretudo, à fronteira convencional entre ficção e não-ficção. Romancista,
prima por mesclar um andamento crítico e inquisitivo à trama de relatos como
Respiração artificial e Nome falso. Ensaísta arguto, não hesita em entrelaçar a
experiência pessoal – de toda ordem, mesmo política – às mais finas percepções
literárias. Nos seis ensaios que compõem O último leitor, Piglia identifica
várias modalidades de leitura na tradição literária ocidental. Não se trata de
uma história sistemática da leitura, mas de um percurso personalíssimo por
situações de leitura encenadas em textos centrais ou marginais da literatura,
de D. Quixote a Madame Bovary, das Ficções de Borges ao Ulisses de Joyce,
passando por uma galeria fascinante de “últimos leitores”, isto é, leitores
viscerais, que empenham todo o seu ser na decifração da palavra escrita e, por
meio desta, do próprio destino: Gramsci numa prisão fascista e Robinson Crusoé
numa ilha deserta, Anna Kariênina num trem para Moscou ou Che Guevara em cima
de uma árvore, no auge da guerrilha boliviana, lendo um livro. A tradução é de
Heloisa Jan, publicada pela Companhia das Letras.
VÍDEOS,
VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. No dia 21
de abril de 2020 passou-se os 90 anos do nascimento de Hilda Hilst. No repositório
do Letras no Youtube, os leitores podem rever sempre que quiserem um vídeo com excertos de uma rara entrevista em que a poeta fala sobre si e sua relação com
a literatura.
2. No mesmo
dia de abril passou-se também o aniversário de 80 anos do nascimento de Orides
Fontela. Em nossa galeria de vídeos no Facebook encontra-se o registro de uma rara entrevista de Orides Fontela no programa Jô Soares Onze e Meia, no SBT,
em 1996. Na ocasião, a poeta publicava o livro Teia.
BAÚ DE
LETRAS
1. No dia 23
de abril de 2019 foi perguntado aos nossos colunistas que livros de suas
bibliotecas gostariam de salvar num caso de uma catástrofe em suas moradas. As
respostas deram esta lista.
2. O Dia
Mundial do Livro foi instituído no dia 23 de abril em alusão à morte de dois
importantes nomes da literatura: Miguel de Cervantes, o autor de Dom Quixote,
e William Shakespeare, autor de peças como Hamlet, Romeu e Julieta,
Rei Lear e muitas outras. Mas, há controversas: Cervantes e Shakespeare
não morreram num mesmo dia. Leia mais aqui.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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