Boletim Letras 360º #358
O ano
demonstra sinais de começo. Formam-se os planos para seu novo ou antigo projeto;
o mercado editorial, por exemplo, na parte que concerne a chegada de livros aí
está como prova. Comprova também a aproximação para o retorno das atividades
cotidianas do blog Letras in.verso e re.verso. Anote: dia 20 de janeiro iniciamos
o nosso ano. Segunda-feira, portanto. Enquanto isso, abrimos já a chamada para
receber novos colunistas. Se você escreve sobre literatura e cinema e gostaria
de fazer circular suas leituras – ou conhece alguém com esse perfil – não deixe de conhecer nossa proposta. Informe-se diretamente aqui ou enviando uma mensagem
para nós através do e-mail blogletras@yahoo.com.br; sua participação, direta ou
indiretamente, é a propulsora da continuidade do trabalho de 13 anos do blog.
Avisos apresentados, vamos às notícias da semana enviadas pela nossa página no
Facebook.
Segunda-feira,
13 de janeiro
Edições para
marcar os 70 anos da morte do escritor George Orwell.
Depois de
publicar uma edição especial de 1984, a Companhia
das Letras publicará dois livros sobre a obra de Orwell: O ministério
da verdade: uma biografia de 1984, de Dorian Lynskey, uma biografia do
clássico romance do escritor britânico ainda inédita no Brasil, que examina os diferentes
aspectos de 1984 e Orwell e a verdade, uma coletânea de
trechos de livros e cartas do autor sobre o tema.
Terça-feira,
14 de janeiro
Companhia das Letras publica duas coletâneas de ensaios de Susan Sontag.
1. A primeira é Contra a interpretação, que foi o trabalho de largada da escritora nesse gênero e logo se tornou um clássico
moderno. A obra traz uma série de
discussões provocativas sobre os temas culturais mais prementes da década de
1960, este livro é a coletânea definitiva dos trabalhos mais conhecidos e
importantes de Susan Sontag e foi a obra que a consagrou como uma das
pensadoras mais incisivas do nosso tempo. Publicada pela primeira vez em
1966, esta coletânea de ensaios nunca saiu de catálogo e influenciou
profundamente muitas gerações de leitores, assim como o campo da crítica
cultural no mundo todo. Inclui os textos revolucionários “Notas sobre o
campo” e “Contra a interpretação”, e também o debate acalorado
de Sontag sobre autores como Sartre, Camus, Weil, Godard, Beckett, Lévi-Strauss,
a psicanálise, filmes de ficção científica e o pensamento religioso
contemporâneo. Esta edição traz o posfácio “Trinta
anos depois”, no qual Sontag reafirmou os termos de sua batalha contra os
filisteus, contra uma ética frágil e contra a indiferença. A nova tradução foi realizada por Denise Bottmann.
2. Reedita-se os mais de
quarenta artigos reunidos no penúltimo livro de Susan Sontag, uma das mais influentes intelectuais contemporâneas. Ela esteve entre os poucos intelectuais que decidiram manifestar sua
solidariedade à capital da Bósnia, sitiada e bombardeada diariamente pelos
sérvios durante a guerra. “Esperando Godot em Sarajevo”, incluído nesta
coletânea, relata a estada de Sontag na cidade, onde dirigiu uma versão da
famosa peça de Samuel Beckett, em 1993. O espetáculo estreou à luz de velas (a
energia elétrica tinha sido cortada) e ao som de bombas e tiros de
franco-atiradores. “Cultura, cultura séria, é uma expressão da dignidade
humana”, afirmava Sontag. Os ensaios dedicados à literatura e às artes visuais
mostram o mesmo interesse pelo mundo. Seus comentários se voltam para artistas
e escritores de toda parte: Jorge Luis Borges, Roland Barthes, Robert
Mapplethorpe, Joseph Brodsky, Juan Rulfo, Elizabeth Hardwick, Machado de Assis,
entre muitos outros. A tradução de Rubens Figueiredo para Questão de ênfase sai pela Companhia das
Letras.
Quarta-feira,
15 de janeiro
Do
consagrado autor de Coração tão branco e Os
enamoramentos vem novo romance.
É possível dizer que conhecemos uma pessoa, mesmo tão
próxima, quando boa parte do que ela diz e faz permanece nas sombras? Berta Isla e
Tom Nevinson não passavam de adolescentes quando se conheceram e se
apaixonaram. Em 1974, poucos anos depois das primeiras trocas de olhares no
colégio madrilenho, já eram marido e mulher. Berta não sabia, mas Tom – filho
de pai inglês e mãe espanhola, fluente em várias línguas e capaz de imitar
sotaques e dicções com perfeição – fora recrutado para o serviço secreto
britânico pouco antes do casamento. Tom engana Berta como pode, até que um
incidente horripilante o obriga a revelar a atividade a que dedica boa parte
dos dias. A regra, acatada por ela ao descobrir que o marido é um espião, e que
deve valer por toda uma vida, é não fazer perguntas. Berta concorda, assim, em
ignorar metade da existência de Tom, o que inclui a natureza de seus atos e os
lugares por onde ele andou. Vivemos no escuro, diz ela, e mal conhecemos a
pessoa com quem estamos casados. O quanto ainda há em Tom daquele adolescente
que Berta conheceu e por quem se apaixonou? Javier
Marías retorna, aqui, ao tema da espionagem, eixo da monumental
trilogia Seu rosto amanhã. Com a prosa elegante de sempre, disseca não apenas
os perigos e dilemas morais de se levar uma vida dupla, mas as marcas que as
zonas de sombra podem deixar no afeto e na intimidade. A tradução de Eduardo
Brandão para Berta Isla sai pela Companhia
das Letras.
Quinta-feira,
16 de janeiro
O segundo
livro da coleção especial preparada pela Editora
Penalux.
Estranha
alquimia é a primeira antologia poética da carreira de Antonio Cicero e uma
fusão artística das obras Porventura, A cidade e os livros e Guardar.
Existe na poesia de Antonio Cicero um perceptível estrato de Filosofia, apesar
de a formação intelectual do poeta carioca com ascendência piauiense estar
envolta permanentemente na sabedoria milenar dos pensadores de todos os tempos.
É um espécime de Friedrich Nietzsche (1844-1900), onde a poesia ressuscita
violenta. Poeta da emoção, cuja sensibilidade alia sentimentos, sentidos e
imaginação, seu desafogo lírico é estranho, no sentido de ser espantoso,
invulgar e extraordinário. Há uma clave de palavras incomuns que percorrem os
seus poemas sempre bem realizados, seja na contenção, seja na fuga. Os poemas
de Antonio Cicero são feitos para serem lidos em voz alta, declamados por um
menestrel, daí a origem do sucesso de muitos dos seus versos. Antonio Cicero é
um dos grandes poetas do Brasil com intelectualidade, humanismo, sensibilidade
e alteridade à flor da pele, sendo espelho indispensável à perplexidade
existencial do seu tempo.
Sexta-feira,
17 de janeiro
Vamos
comprar um poeta. Novo livro de Afonso Cruz pela Editora Dublinense.
Numa sociedade dominada pelo materialismo, as
famílias têm artistas em vez de animais de estimação. É nesse cenário, onde
cada espaço tem um patrocinador, cada passo é medido com exatidão, e até a
troca dos afetos é contabilizada, que uma menina pede ao pai um poeta. Com
humor e leveza, Afonso Cruz conduz uma narrativa para fazer pensar sobre o
utilitarismo e o papel da arte em um mundo onde tudo precisa ser mensurado.
* Durante o período de recesso não publicaremos as seções que passaram a ampliar o Boletim Letras 360º desde há algumas edições.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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