Boletim Letras 360º #356
No último
dia 26 de dezembro de 2019 o Letras in.verso e re.verso publicou as listas dos
melhores do ano, a partir de anotações do editor Pedro Fernandes. São, desde há
alguns anos, cinco listas diferentes: prosa, poesia, projetos editoriais, cinema
e as leituras que marcaram o ano dos leitores do blog. Estas listas não são apenas
formas de recordar o ano que agora termina, mas de aguçar interesses para o ano
vindoura. Daí, sublinharmos nessa ocasião. Depois da visita ao Boletim com as notícias da semana apresentadas em nossa página no Facebook, podem ler
/ reler essas listas aqui.
É preparada antologia de Sylvia Plath com textos inéditos no Brasil. |
Segunda-feira,
30 de dezembro
A
edição 19 da Revista
7faces homenageia a obra do poeta português Jorge
de Sena.
Dois
centenários marcaram a cena nas literaturas de língua portuguesa em 2019: o de
Sophia de Mello Breyner Andresen e o de Jorge de Sena. No apagar das luzes
deste ano, a revista de poesia 7faces trouxe online uma edição em homenagem a
este último. Sena viveu no Brasil durante boa parte do seu exílio, é um dos
nomes sempre lembrados por aqui, ao menos na academia, e a iniciativa desse
periódico é inédita. O novo número traz intervenções importantes, como a de
Kenneth David Jackson, da Universidade de Yale e que foi aluno de Jorge de Sena
quando professor nos Estados Unidos. Pedro Belo Clara e Maria Vaz, colunistas
do Letras in.verso e re.verso, também colaboram com textos nesta edição. Ao
todo são oito trabalhos que percorrem vários lugares da poesia do poeta
português. Entre os poetas apresentados na edição, figuram nomes como Lídia
Jorge e Carlos Pittella. Para os próximos números, a ideia dos editores é abrir
chamadas para recepção dos textos de homenagem.
Terça-feira,
31 de dezembro
O livro de
março da casa editorial Ponto Edita e um clássico da Era do Jazz.
Zelda
Fitzgerald é sempre lembrada por seu casamento com F. Scott Fitzgerald ou pela
esquizofrenia, mesmo sendo autora de um dos títulos que se tornaram símbolo dos
efervescentes anos 1920: It girl. Querendo reavaliar essa imagem,
a Ponto Edita prepara, para março de 2020, a publicação de
Cadernos, que reúne contos, artigos e crônicas de Zelda
selecionados por Mauricio Tamboni, que assina também a tradução. A seleção
mostra que as inquietações que acompanharam a escritora até o fim de sua vida
já estavam latentes desde sua adolescência em Montgomery, Alabama. Em alguns
textos, como “O iceberg”, escrito quando Zelda tinha pouco mais de 17
anos, ela questiona, de maneira bastante moderna para a época, as expectativas
da sociedade sobre as mulheres; em outros, discute o lugar do homem no
casamento e o papel da melindrosa na cultura americana. A edição traz também
uma série de contos controversos nos quais Zelda teria usado material
autobiográfico (o que levou Scott a assinar como coautor) e uma resenha ácida
de Os belos e malditos publicada em 1922 na qual Zelda sugere que o marido, “o
sr. Fitzgerald, parece acreditar que o plágio começa dentro de casa”.
Quarta-feira,
1º de janeiro de 2020
Neste
envolvente exercício imaginativo, Virginia
Woolf aborda questões de classe e gênero – temas tão cruciais na obra
de uma das maiores escritoras do mundo – ao reconstituir a história de vida de
um cão na Inglaterra vitoriana.
Logo após
publicar o romance As ondas, Virginia Woolf começou a trabalhar em Flush, uma biografia do cocker spaniel da poeta Elizabeth
Barrett Browning (1806-61). Nela, o leitor o acompanha desde o
nascimento, passando por sua infância ao lado da escritora Mary Russell
Mitford (1787-1855), até suas viagens para Pisa e Florença na companhia de
Browning. Apesar da premissa incomum, este livro é mais do que um mero
divertimento literário: explora a ideia de uma vida livre da tirania das
palavras e é um testemunho ímpar da trajetória pouco estudada das duas poetas
inglesas, praticamente esquecidas desde a década de 1930. Adotando o ponto de
vista de um cão, Woolf sonda com humor inigualável as questões de classe e
gênero na Londres vitoriana. Encantador, mas também radical, Flush é um exercício de imaginação, um texto aparentemente leve que aborda temas
cruciais que irão perpassar toda a obra da autora. A tradução de Jorio Dauster
sai pela Penguin / Companhia
das Letras.
Quinta-feira,
2 de janeiro
Três livros
de Afonso Cruz ainda inéditos no Brasil ganharão edição em 2020 pela Editora
Dublinense.
Segundo nota
divulgada na página da casa editorial, o primeiro a sair é Vamos comprar um
poeta, uma novela que se passa em uma sociedade na qual, no lugar dos animais
de estimação, as pessoas têm artistas em casa – claro, tomando cuidado com
pintores e escultores porque eles sujam muito. Depois, virá A boneca de
Kokoschka, que mistura lirismo aos horrores da Segunda Guerra Mundial e que
venceu o prêmio da União Europeia para Literatura. Na sequência é a vez de Nem
todas as baleias voam, no qual jazz, Europa comunista e uma missão da CIA se
encontram.
Sexta-feira,
3 de janeiro
Entre os
livros por vir em 2020 está Johnny Panic and the Bible of Dreams,
de Sylvia Plath.
Trata-se de
uma antologia de contos publicada originalmente em 1977 com apenas treze
títulos, incluindo o conto que dá nome a obra. O livro, nas edições
subsequentes, passou a incluir, à medida que se operavam novas descobertas no
espólio da escritora, vários novos textos. Organizada pelo companheiro de
Sylvia, o poeta Ted Hughes, autor também de um prefácio, a obra é uma espécie
de compêndio das possibilidades autobiográficas da escritora estadunidense. A
tradução para o título que sai por aqui pela Biblioteca Azul é de Ana
Guadalupe.
* Durante o período de recesso não publicaremos as seções que passaram a ampliar o Boletim Letras 360º desde há algumas edições.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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