Salinger ou a adolescência
Por Christopher Domínguez Michael Talvez fosse necessário proceder como o próprio Jerome David Salinger (1919-2010), quando ordenou que as quartas capas de seus livros não carregassem qualquer informação fornecida sua nem pelo editor, e voltássemos a lê-lo ou relê-lo, porque O apanhador no campo de centeio (1951) é um dos romances mais bonitos dos já escritos no século passado e, significando quase tudo, permite dispensar qualquer comentário. Durante anos, fiquei mais interessado na lenda Salinger do que em seus livros, porque o chamado – por Étiemble ou por Gracq – de “escândalo Rimbaud” é um bom tema. Por que a modernidade e seus adiamentos se surpreendem com o silêncio repentino ou a reclusão de autores como Rimbaud ou o próprio Juan Rulfo, quando antes do romantismo o ofício artístico era simplesmente abandonado por razões quaisquer? Não tendo ocorrido a morte retórica do autor tal como interpretou Barthes, o desaparecimento do artista de cena numa era de hip