Orides Fontela, revisitações
Por Pedro Fernandes Duas décadas depois de sua morte, Orides Fontela parece que saiu do esquecimento que dava sinais de tragá-la. Vivia no limbo. Apesar de muito aceita entre os leitores especializados como foi desde sua estreia, era pouco vista fora da redoma acadêmica. Pareceu que mesmo figuras como Hilda Hilst, para citar outro nome de repercussão nas últimas décadas e poeta acusada de hermetismo, teve maior penetração entre as camadas mais populares de leitores. Essa ressurreição, se pouco serve ao escritor, oferece alguma reparação à obra pela injustiça do silenciamento. Se o hermetismo constitui uma espécie de doença que carcome reconhecimento de obra, num país como o Brasil, de índices de leitura penosos, a simples caracterização do escritor por esse epíteto é um tanto paradoxal: primeiro denuncia nossa crise para o imaginativo e o simbólico, depois, curiosamente, é um elogio de estorvador benéfico com exclusivismos aos do poder. Sim, nossa intelectualidade sempr