Olga Tokarczuk, a escritora questionadora do establishment polonês
Por Tomasz Pindel O Prêmio Nobel de Literatura para Olga Tokarczuk é, do ponto de vista polonês, uma surpresa, mas – o paradoxo vale a pena – uma surpresa esperada. Na Polônia, tínhamos consciência que ela não é apenas uma autora amplamente lida, apreciada e amada por muitos leitores, mas também que ela é simplesmente uma grande escritora com uma presença crescente no mundo. Tokarczuk (1962) pertence à geração de escritores que apareceram nos anos 90 do século passado, e não é apenas um detalhe biográfico. Deve-se ter em mente que, em 1989, na Polônia, houve uma grande mudança no sistema político: o país deixa a era do “real socialismo real” e a dependência da União Soviética, inicia-se na democracia, no capitalismo e a cultura vive uma reviravolta enorme. O antigo establishment literário cai no esquecimento, mas os novos autores quase não interessam a ninguém. O público leitor compra maciçamente e devora literatura popular anglo-saxônica, todos esses thrillers