Melancolia, de Carlos Cardoso
Por Pedro Fernandes Quem tiver lido a poesia de Carlos Cardoso – Na pureza do sacrilégio , é um bom exemplo – não deixará de encontrar na delicadeza do seu verso uma voz tranquila capaz de deixar expressar textualmente certo olhar taciturno sobre as coisas e o mundo. Alguém poderá se apressar em dizer que essa é uma condição natural de todo poeta. Mas, não se pode transformar uma recorrência numa universal. Isto é, há múltiplas possibilidades de ver e cada eu-poético recorrerá àquela mais natural capaz de intuir uma totalidade do seu mundo poético; reflexivo, irônico, revoltado, radical, político, saudosista, entusiasta, erótico, trivial, enfim, as variantes são inumeráveis. Um desses modos de ver decorre de “um descompasso entre o tempo em que deveria realizar-se uma certa experiência e seu efetivo cumprimento”, o que, Luiz Costa Lima, o autor dos termos antes apresentados em destaque num estudo com mesmo título do livro de Carlos Cardoso distingue de maneira