Sergio Leone – entre a fábula e a história
Por Davi Lopes Villaça frame de O Bom, o Mau e o Feio (1966) Ao analisar o filme Shane , num texto para este mesmo blog, observei um fato bem conhecido a respeito dos clássicos faroestes americanos: neles, Bem e Mal constituem muitas vezes categorias históricas. Vilões são aqueles que atrapalham a chegada do progresso; heróis, os que lhe permitem seguir seu curso “natural”. É grande a diferença com relação ao universo retratado pelo italiano Sergio Leone em seu faroeste spaghetti. Herdeiros do cinema americano, do qual foram tanto a homenagem quanto a sátira, seus filmes diferem-se dele, entre outras coisas, por uma abordagem bastante diferente da história. A ação de O Bom, o Mau e o Feio (1966) se passa no contexto da Guerra Civil Americana (1861-1865). Não é necessária uma percepção maniqueísta do conflito para simpatizar com o lado vitorioso, com o Norte progressista, em oposição ao Sul escravocrata. Mas Leone não só não fez desta uma história de mocinho