Serotonina, de Michel Houellebecq
Por Pedro Fernandes Michel Houellebecq é, sem dúvidas, um dos romancistas contemporâneos com melhor faro para dizer sobre o longo período de intermitência para o fim dessa civilização. Não são poucos os escritores que ocupam esse lugar, mas o francês tem uma vantagem própria: está entre os mais originais pela precisão com que consegue capturar no interior da volubilidade ou da multiplicidade das questões o ponto fundamental capaz de nos colocar frente a frente com a versão mais amarga e cruel de nós mesmos. Por essa razão, sua obra é sempre de inquietação e marcada por uma leitura que coloca todo o projeto civilizatório, sobretudo o estágio vigente cujas provas estão por toda a parte, em suspeição. Ou melhor, o compreende como o maior dos nossos fracassos e a pior das nossas covardias. Fracasso porque nem mesmo toda beleza do que criamos é capaz de vencer o mal e a barbárie que praticamos; covardia, porque, apesar de sabermos as soluções para o mal e a barbárie, continuam