A hora de Julio Ramón Ribeyro
Por Antonio Muñoz Molina De vez em quando, ao longo das muitas páginas e muitos anos de seus diários, Julio Ramón Ribeyro reflete com certa melancolia sua incapacidade de escrever aqueles grandes romances que quase todos os membros de sua geração latino-americana iam escrevendo. Em algum momento, observa que os leitores e críticos europeus preferem romancistas de ambição épica: ele, Ribeyro, que carece completamente dela, que tende à literatura breve e às histórias de figuras sem importância, percebe que para ser celebrado na Europa seria necessário expor um exotismo e um excesso como os que cultivavam com tanto sucesso os mais célebres de seus contemporâneos: Gabriel García Márquez, Carlos Fuentes, Alejo Carpentier, o José Donoso de O obsceno pássaro da noite, ou seu compatriota e amigo intermitente Mario Vargas Llosa. Ribeyro chega a dizer que tem inveja desses romances que os críticos qualificam como “afrescos”: grandes panoramas sobre épocas ou países. “Eu nunca