Primo Levi, entre o horror, a palavra ou o silêncio
Por Sergio Nudelstejer Em abril de 1987 recebemos a triste notícia sobre o suicídio do escritor Primo Levi. Quando um escritor se suicida é difícil não reinterpretar seus livros à luz de seu último ato. E a tentação é particularmente forte no caso de Primo Levi, já que grande parte de sua obra nasceu de suas próprias experiências em Auschwitz. O calor e sentido humano de seus escritos o converteram num símbolo para seus leitores; no símbolo do triunfo da razão sobre a barbárie do genocídio. Mas, para alguns, sua morte violenta questionava esse símbolo. Em certos casos, o suicídio de um escritor é visto como a conclusão lógica de tudo o que escreveu ou como uma contradição irônica, mais que o resultado de uma tormenta puramente pessoal. Primo Levi apareceu como um dos intelectuais mais incisivos e mais francos entre aqueles que experimentaram a dor do Holocausto e sobreviveram para narrar tudo o que viveram. Seria difícil encontrar alguém além dele capaz de exp