O mundo de Eugenio Montale
Por César Antonio Molina A vida de Eugenio Montale foi uma aventura tranquila, sem sobressaltos, presa em si própria e só pouquíssimas vezes marcada em sua silenciosa busca pelo alheamento pelas conflagrações exteriores. O poeta italiano é um sujeito indiferente à profissão, à homenagem e até mesmo aos leitores. Seu isolamento é quase total e nele, como em quase nenhum outro escritor italiano de seu tempo, filia sua razão essencial e única de ser poeta. Em Montale há uma clara consciência de renúncia à vida exterior em favor da vida interior. “A arte é a forma de vida de quem verdadeiramente não vive: uma compensação ou um substituto”, escreveu numa carta. Mas, não é o próprio poeta (ele se refere ao artista no geral) quem deve “renunciar à vida”, mas é a própria vida “que se encarrega dessa fuga”. E isso acontece precisamente por ele ser mais consciente da vida que os demais. Os outros a vivem, o poeta ajuda a configurá-la possivelmente através da insistência na