Ausente, de Marco Berger
Por Pedro Fernandes As expressões amorosas não teimam em se tornar apenas na sua força contrária. Isso nos diz que o amor é coisa de natureza muito mais complexa que a mera conjunção dicotômica com o ódio e com o mal. É que entre esses dois limites operam-se sutilezas de ordem diversa e quase-sempre não capturadas à primeira vista. Haverá circunstâncias, por exemplo, que o amor pode virar culpa. E é essa uma das principais lições que podemos apreender sobre o filme de Marco Berger. Começar a falar sobre Ausente a partir de um tema aparentemente transversal não é uma tentativa gratuita de se afastar dos dilemas mais complexos que se formam ao longo da narrativa; é, antes de tudo, encontrar uma alternativa capaz de perceber a questão-problema por outro ângulo, diferente daquilo que nossa condição moral tem imposto ver as coisas. É bem verdade que, tal condição opera como restritivo que nos impossibilita avançar sobre a ideia que lançamos sem deixar de atravessarmos tai