Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela, de Ignácio de Loyola Brandão
Por Pedro Fernandes Na fuga empreendida pelo protagonista de Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela , há um diálogo entre ele e uma personagem acerca da dimensão do tempo; é uma ocasião quando lhe revelam que a história por ele vivida se passa num tempo depois de amanhã. Espantado com a possibilidade aparentemente impossível, reflete ainda que “As pessoas estão perdendo a razão” e se pergunta sobre o que está acontecendo: “Andam como zumbis, falando com ninguém, ou com alguém que não é visto. Mandam imagens para dizer onde estão e depois não sabem onde estiveram”. A retomada dessa passagem especificamente é uma maneira nossa de entrar no denso tecido dessa narrativa; sua função aqui é, portanto, a de servir como chave de acesso sobre a própria estrutura de um romance construído de forma perfeitamente ardilosa e, por isso, capaz de favorecer o leitor a uma experimentação sobre a contínua paranoia que tem se tornado as existências comuns desde a