Por que Calvin e Haroldo é grande literatura: sobre a ontologia de um tigre de pelúcia ou encontrando o mundo todo em um quadrinho
Por Gabrielle Bellot “Para um editor”, escreveu Bill Watterson, o criador de Calvin e Haroldo em 2001, “espaço pode ser dinheiro, mas, para um cartunista, espaço é tempo. O espaço provê o andamento e o ritmo da tira”. Watterson estava certo, talvez em mais formas do que imaginava. Tirinhas de jornal, escreveu, fornecem um espaço único para muitos leitores antes de começarem o dia; conseguimos atravessar, brevemente, uma porta que nos leva a um mundo mais calmo, simples, no qual os personagens permanecem largamente os mesmos, inclusive em seu vestuário. Nem todas as tirinhas de jornal são assim, é claro, em especial os quadrinhos narrativos mais complexos do passado como Little Nemo in Slumberland ou Terry and the Pirates , e os piores quadrinhos – dos quais há muitos – retêm o senso de mesmice sendo formulaicos e sem inspiração. Mas isso, também, está relacionado ao espaço. Espaço, em termos gerais, é o que define Calvin e Haroldo . A tira acompanha Calvin, um american