Por não recear o olhar penetrante: desconstruindo o cenário do primeiro cinema
Por Wagner Silva Gomes Studio Méliès A história do cinema registra que os primeiros filmes eram gravados em uma única cena em plano geral. A câmara era afixada de frente para o cenário, não captando assim os movimentos e detalhes da cena. Até por isso os franceses responsáveis pelas primeiras películas chamavam o roteiro de cenário. Com isso, o cinema tinha como base a linguagem teatral, que é construída ainda hoje apoiada na recepção da plateia (público) frente ao palco (atores e cenário). Vitor Manuel Aguiar e Silva, em seu livro Teoria da Literatura , diz que o drama (teatro) é baseado na ação, ou seja, nas tensões momentâneas e imediatas entre os sujeitos. E isso é sugestivo porque o desafio que levou o primeiro cinema a progredir foi justamente se pensar na desconstrução da cena (do ilusionismo de Méliès, passando pelos cem olhos dos construtivistas Russos, ao travelling de Griffith e as inovações contemporâneas). Para isso, era preciso sair do caráter teatra