Varlam Chalámov, contador de histórias
Por Davi Lopes Villaça Varlam Chalámov, nos anos 1940, depois de retornar de Kolimá O escritor russo Varlam Tíkhonovitch Chalámov (1907-1982) viveu quase vinte anos como prisioneiro em campos de trabalho forçado soviéticos. Entre 1937 e 1951 trabalhou nos campos da região de Kolimá, na Sibéria, também conhecida como a “terra da morte branca”. Dessa experiência recolheu o material para sua obra mais importante, Contos de Kolimá , escrita entre 1954 e 1973. Duas narrativas, ambas presentes no primeiro livro da coletânea, lançam uma luz sobre o sentido dessa extensa obra, permitindo-nos também uma reflexão sobre a relação do autor com a literatura. Em “Pela neve” (não por acaso o primeiro conto do livro) Chalámov descreve o movimento lento e exaustivo dos prisioneiros que, postos a andar lado a lado, abrem caminho por entre a neve que cobre a terra, para a passagem de pessoas, comboios de trenós, tratores. “Se caminhassem sobre cada uma das pegadas do primeiro, abriria