O rei das sombras, de Javier Cercas
Por Pedro Fernandes Javier Cercas. Foto: Francis Tsang “se me dessem para escolher entre passar por aquilo de novo ou morrer, eu escolheria morrer”. ( fala de Carme Manyà, sobrevivente da Guerra Civil Espanhola e a última que, talvez, tenha guardado na memória a imagem de Manuel Mena, ao explicar sobre seu silêncio acercado conflito em O rei das sombras) “adormeci perguntando-me se, como ele, Manuel Mena (o Manuel Mena defunto, mas também o Manuel Mena taciturno e absorto e desencantado e humilde e lúcido e envelhecido e cansado da guerra) não teria preferido ser um servo entre servos vivo a ser um rei morto, perguntando-me se no reino das sombras ele também teria compreendido que não existe vida além da vida dos vivos, que a vida precária da memória não é uma vida normal mas apenas uma lenda efêmera, um sucedâneo vazio da vida, e que só a morte é certa.” ( Javier Cercas , O rei das sombras) Em 2019 passam-se oito décadas do fim da Guerra Civil Espanhola, acontecime