O eleito, de Thomas Mann
Por Pedro Fernandes É curioso que O eleito não figure, de imediato, entre as obras mais importantes de Thomas Mann; curioso, mas compreensível para quem escreveu Doutor Fausto , Os Buddenbrook , A montanha mágica ou José e seus irmãos , obras de grande fôlego que juntas atentam contra toda impossibilidade de realização de um só homem. A monumental obra do escritor alemão atesta, aliás, o verdadeiro sentido de um termo hoje tão depreciado quanto o gesto de ser aplaudido de pé depois de um espetáculo – gênio. Há quase duas décadas fora de catálogo no Brasil, a obra é reapresentada e abre-se, assim, outra possibilidade, a de redescoberta, nesse caso diferenciada, que é a de compreendê-la parte importante do amplo universo de um criador exponencial. As razões para tanto são diversas, mas basta que se diga uma delas: neste romance está toda a técnica do escritor e é, portanto, uma oportunidade valiosa para os que ainda estão à beira de percorrer suas maiores invenções.