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O pecado de Borges

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Por José Antonio Montano Numa obra tão poderosa como a de Jorge Luis Borges, chama a atenção “O remorso”, um soneto enfático, patético, autocompassivo (qualidades que o escritor argentino detestava) e decididamente confessional: Cometi o pior dos pecados Que um homem pode cometer. Não fui Feliz. Que os glaciares do esquecimento Me arrastem e me percam, desapiedados. Meus pais me engendraram para o jogo Arriscado e formoso da vida, Para a terra, a água, o ar, o fogo. Defraudei-os. Não fui feliz. Cumprida Não foi sua jovem vontade. Minha mente Se aplicou às simétricas porfias  Da arte, que entretece naderias.  Legaram-me coragem. Não fui valente. Não me abandona. Sempre está a meu lado A sombra de ter sido um desgraçado. O poema pertence ao livro La moneda de hierro , de 1976. Foi publicado pela primeira vez no jornal La Nación , de Buenos Aires, no dia 21 de setembro de 1975. Segundo disse o próprio poeta a Joaquín Soler Serrano numa entrevis