Nikos Kazantzákis, sem idade para o espanto
Por Aglaia Berlutti Nikos Kazantzákis. Foto: Henri Chaillet. Quando um livro é considerado “controverso”, ou sua leitura se torna obrigatória ou o leitor começa a se questionar sobre esse elemento polêmico que torna a narrativa um paradigma. Talvez por esse motivo, à obra de Nikos Kazantzákis só interesse muito mais o elemento controverso que a história que se conta, a que tenta expressar uma ideia complexa cuja polêmica é apenas uma parte do discurso e da ideia que se tenta construir. Não obstante, Kazantzákis, com sua prosa precisa e sua capacidade para construir atmosferas complexas através da sensibilidade, parece muito distante do mito de simples escândalo e mais próximo da ideia profunda de uma obra escrita para refletir situações controversas. Uma sólida estrutura literária capaz de avançar além do espanto e criar algo mais substancial que a mera confrontação. Trata-se de algo que Nikos Kazantzákis obteve tão logo que assumiu a literatura como uma possibi