Eliete, de Dulce Maria Cardoso
Por Pedro Fernandes Dulce Maria Cardoso. Foto: Pedro Serpa. Captar o bulício dos dias. Esta é talvez a mais perigosa das atitudes que um escritor pode assumir. Principalmente se os dias forem os constituídos dessa massa amorfa e bestial de existências de mesma tessitura, entre vida real e vida virtual, como nosso tempo. Esta é, entretanto, uma constatação que esconde muitas fragilidades. Alguém pode se perguntar por aqueles escritores metidos no cânone e que no seu tempo se entreteram com o comezinho e findaram por pintar (e, por isso se tornaram canônicos) um retrato multiperspectívico da história, esta que agora só temos acesso pelas imagens criativas que forjaram – tal como Balzac e sua monumental A comédia humana . Quer dizer, quem somos, quais poderes temos, para dizer que a bestialidade de nosso tempo será ou não motivo para realização da obra literária, ou, como sabermos se esta ou aquela situação é que são as dignas de um romance. Outro poderá ainda