O excesso que vive: Mac e seu contratempo, de Enrique Vila-Matas
Por Guilherme Mazzafera Mac e seu contratempo (Companhia das Letras, 2018, tradução de Josely Vianna Baptista), o mais recente livro do barcelonês Enrique Vila-Matas lançado no Brasil, é, em verdade, meu primeiro contato com sua obra. A honestidade é o point d’honneur do resenhista. Como decorrência deste fato, sou incapaz de pontear em que medida tal romance, erigido sobre “o obscuro parasita da repetição que se oculta no centro de toda criação literária”, não configura ele mesmo, em relação à obra pregressa de seu autor, um exemplar do que tão minuciosamente esmiúça. Em linhas gerais, Mac Vives Vehin, o protagonista, é um advogado (ou seria construtor de imóveis?) entrado nos sessenta que se vê de repente desempregado. O caráter repentino do destino, supostamente motivado por uma citação inadequada de Wallace Stevens, impele-o a dedicar-se ao aprendizado da escrita por meio de um diário secreto. Nada de novo sobre o sol (aliás, senti falta do Eclesiastes no rol