O moderno
Por Enrique Vila-Matas Charles Baudelaire por Augusto Brouet “É preciso ser absolutamente moderno”, disse Rimbaud. E um século e meio depois ainda sofremos as consequências. Essa frase, além de intimidadora, comenta Calasso em La Folie Baudelaire , fez inumeráveis vítimas, numerosos “escritores quase sempre medíocres, mas totalmente decididos, como tal a seguir o slogan que os havia cegado”. Nos últimos tempos recebemos constantemente notícias de pessoas que não sabem que é inútil dizer que são inovadoras, porque a longo prazo, se são revolucionárias ou tecnoplásticas, serão julgadas pelo tribunal digital do tempo, sempre implacável. Charles Dickens ou Franz Kafka nunca presumiram mudar a história da literatura – nem a história de nada – e sem dúvida a mudaram. É uma prova de que para transformá-la não é necessário dar o último grito. O futurista Julien Gaul presumiu colocar tudo de pernas para o ar e hoje ninguém tem notícias dele. Se minha geração viu morrer