Boletim Letras 360º #342


Nesta semana, depois de superar uma instabilidade nas redes sociais, conseguimos realizar o sorteio de O quarto de Jacob (Virginia Woolf / Editora Autêntica) e os leitores que acompanham o blog aí têm agora a tripla chance de ganhar um exemplar de Melancolia, livro do poeta Carlos Cardoso publicado pela Editora Record em 2019. Sim, temos novo sorteio. Um exemplar vai para um leitor do Letras no Facebook, outro no Instagram e um no Twitter. Por isso, ao terminar de ler este boletim, não deixe de se inscrever. O livro está incrível – poesia de alto nível: garantimos. O sorteio acontece na próxima sexta-feira, 4 de outubro. Portanto, corra!

Clássico de Nelson Rodrigues ganha reedição.


Segunda-feira, 23 de setembro

Reedição de Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues

Enquanto se recupera no hospital após ter sido atropelada, Alaíde é assombrada por lembranças de seu passado conturbado com Lúcia, a irmã de quem roubou o namorado, e pelas memórias lidas no diário de uma prostituta do começo do século XX. Articulada em três planos cênicos — o da realidade no hospital; o da alucinação com madame Clessi, a prostituta; e o da memória do conflito entre as irmãs —, a peça Vestido de noiva foi o primeiro grande sucesso de público de Nelson Rodrigues e um marco na dramaturgia brasileira.

Um infantil de Gonçalo M. Tavares na SESI-SP Editora

O menino Andersen era um grande inventor e não andava nada satisfeito com as definições de palavras que lia no dicionário. Por isso decidiu começar a escrever um dicionário novo, um dicionário que entusiasmasse os seus amigos, e assim criou definições inusitadas, como: “Mosquito – um animal que está mal sintonizado” e “Zebra – um tabuleiro de xadrez malfeito que ainda por cima se mexe e come”. Com o texto divertido de Gonçalo M. Tavares e as ilustrações encantadoras de Madalena Matoso, O dicionário do menino Andersen vai agradar a crianças e adultos.

Terça-feira, 24 de setembro

Obra de Marion Aubert chega ao Brasil

Com Homens que caem. Cédric, Julien e sua equipe decidem montar, em 2016, um espetáculo a partir do romance Nossa Senhora das Flores. No decorrer dos ensaios, a obra-prima do escritor maldito Jean Genet os atinge como uma flecha: em seu isolamento dentro de uma cela de cadeia no início da década de 1940, o autor fala diretamente com os atores que decidiram levar o texto ao palco tantos anos depois. Através de personagens como a travesti Divine e de seus amantes – Mignon, Nossa Senhora das Flores, Alberto –, estabelece-se um intenso jogo ficcional, especular, em que os integrantes de uma companhia de teatro contemporâneo vivem na carne as angústias, os desejos e a marginalização de uma sexualidade que Genet soube, com ninguém, explorar. Marion Aubert é autora de mais vinte peças de teatro. A tradução que sai pela Editora Cobogó é de Renato Forin Jr.

Caixa reúne todas as histórias de Tom Sawyer e Huckleberry Finn

Os dois formam a dupla mais famosa da literatura estadunidense. Agora, todas as histórias desses parceiros inseparáveis estão reunidas numa caixa para assinalar algumas das maiores criações do genial Mark Twain. Tom é um garoto esperto que vive com a tia, o irmão e a prima em um povoado às mar­gens do mítico rio Mississippi, durante o período escravocrata. No seu tempo livre, ele se junta a Huck e realiza as mais mirabolantes façanhas em busca de tesouros. Em As aventuras de Tom Sawyer, os dois amigos presenciam um assassinato, cujo desenrolar mudará para sempre as suas vidas. Já no aclamado As aventuras de Huckleberry Finn, segundo volume da caixa, Huck embarca em uma viagem pelo rio Mississippi na companhia de Jim, um escravo fugitivo que encontra no garoto a única chance de sobreviver. O terceiro tomo traz as duas histórias finais da dupla. Em As viagens de Tom Sawyer, a fome de aventuras de Tom e Huck extravasa os limites do Sul dos Estados Unidos e ganha o mundo. Em Tom Sawyer, detetive, os meninos precisam usar todas as suas técnicas de detetives-mirins para livrar um inocente da forca.

Quarta-feira, 25 de setembro

Volume nos traz todos os epigramas de Calímaco

Epigramas são poemas originalmente inscritos em objetos, como monumentos, lápides e estátuas. Calímaco, poeta helenístico, transforma alguns desses poemas em pequenos objetos falantes: lápides (com ou sem cadáver!) que falam com o leitor, muitas vezes metapoeticamente, com grande delicadeza e sofisticação. A escolha de Calímaco é pelo caminho não trilhado. Neste jogo dos caminhos, ele explicita sua poética, manifesta seu pertencimento ao rico momento literário da alvorada da filologia, do amor pelo logos, da estética autoconsciente da poesia helenística. Não menos autoconsciente de seu papel é o nosso tradutor, Guilherme Gontijo Flores, já conhecido por traduções monumentais e vencedoras de prêmios importantes. Ele escolhe, no caminho já traçado da poética do dístico em versos tradicionais portugueses, a radicalidade do estilo conciso e refinado. Este volume nos traz todos os epigramas de Calímaco, além de três fragmentos; a introdução e as notas são um tesouro adicional para a boa fruição da leitura dos poemas aqui apresentados. A edição é da Autêntica Editora.

Nova edição de A ilha do tesouro é o próximo título da editora Antofágica. 

Aventuras em alto-mar, traição, lutas de espadas e uma caça ao tesouro eram coisas que não passavam de imaginação para o jovem Jim Hawkins, que vivia entediado na pacata hospedaria de seus pais. Quando um sombrio capitão se hospeda na Almirante Benbow, isso começa a mudar: ele canta canções de marujos, parece paranoico sobre um marinheiro ameaçador e faz com que a estalagem seja tomada pela pior corja de bucaneiros que o garoto já viu. É então que o rastro de um tesouro real cai nas mãos de Jim, e resta ao garoto se juntar a uma tripulação de nobres cavaleiros e partir para a Ilha do Tesouro, em uma corrida contra os piratas. Publicada em 1883, esta obra-prima de Robert Louis Stevenson é uma das mais empolgantes aventuras marítimas já escrita, e deu origem a grande parte do imaginário de piratas que até hoje habita nossas mentes e a cultura pop. Esta nova edição traz tradução inédita, notas e posfácio de Samir Machado de Machado e ilustrações de Paula Puiupo, além de textos complementares do escritor Jim Anotsu e da pesquisadora Marina Bedran, especialista na obra de Stevenson. 

Quinta-feira, 26 de setembro

Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão volta às livrarias

Um dia teremos de comprar nos shoppings cheiros de natureza, das plantas e flores, da chuva e da terra molhada. O que dizer de um romance que tem 20 anos e continua a ser vendido como se tivesse sido lançado agora, pela sua atualidade? Ele fala do futuro que já está acontecendo. Romance policial, de aventuras, de amor. Ficção científica, documento sobre o meio ambiente. Um livro novo, inclassificável, daqueles raros que nos entretêm e fazem pensar. De ação, reflexão, suspense (o que vai acontecer conosco?), amor (Elisa, mulher livre, é a nova forma de amor?), de questionamentos (Adelaide será a nova mulher?), de esperanças (Souza simboliza o último homem indignado contra a destruição de nós mesmos?). Leve humor e ironia profunda permeiam este livro em meio a uma atmosfera sufocante.

Antologia reúne 19 poemas de Gabriela Mistral

Balada da estrela e outros poemas reúne textos da chilena Gabriela Mistral, primeira personalidade latino-americana a conquistar o Nobel de Literatura. O livro é composto por poemas com temas e assuntos que remetem à infância, ao mundo das crianças: “Este é o tesouro: uma terra de crianças. Não apenas a terra de uma menina do campo, mas um lugar de encontro de meninos e meninas de todo o mundo. A imaginação, aqui, faz a festa, a gente vê o que deseja ver, e o que se vê sempre muda de figura, cada hora tem sua luz, cada instante seu desenho, cada alegria ou tristeza sua flor”, comenta a escritora Mariana Ianelli na apresentação do livro. Os poemas de Mistral são acompanhados das ilustrações da artista também chilena Leonor Pérez que utilizou técnica mista com colagem digital para enriquecer o livro. Há muitos anos ausente das nossas livrarias, a autora é lançada pela primeira vez para o público infantil no Brasil com tradução de Leo Cunha pela editora Olho de Vidro.

Sexta-feira, 27 de setembro

Editora alemã publica nova edição do baralho de Salvador Dalí

O extraordinário baralho de tarô criado pelo pintor espanhol nos anos 1980 faz um pastiche de iconografia cristã e escultura greco-romana com tempero kitsch e uma boa dose de surrealismo. Ao longo dos anos, a obra se tornou um clássico, com apelo sobretudo para historiadores, colecionadores e admiradores de arte e misticismo. Agora, a Taschen, conhecida por suas edições de para livros de arte, lança uma versão de luxo do tarô, contendo todas as 78 cartas em tamanho grande e borda dourada e um livro de 184 páginas com o making of, uma biografia do artista e instruções práticas de utilização, tudo embalado numa vistosa caixa de veludo púrpura com detalhes dourados. O lançamento é uma releitura da edição limitada publicada na Espanha em 1984 que se esgotou rapidamente. Uma versão da história diz que o baralho teria sido encomendado a Dalí pelo produtor cinematográfico Albert Broccoli para o filme 007 — Viva e deixe morrer (1973), baseado no romance do britânico Ian Fleming em que James Bond seduz uma taróloga, e, quando o acordo contratual não se firmou, o pintor continuou trabalhando nele por conta própria.

DICAS DE LEITURA

1. A cidade do vento, de Grazia Deledda. A novidade de reencontrar a obra da escritora italiana além do seu livro mais conhecido, como lembramos no boletim que divulga a edição deste romance, merece ser celebrada. E uma das maneiras de consolidar essa celebração é adquirir a leitura. O livro até então inédito no Brasil é publicado pela Editora Moinhos com a tradução de William Soares do Santos. Publicado pela primeira vez em 1931, este é um dos mais importantes romances da escritora que foi a segunda mulher a receber o Prêmio Nobel de Literatura. Aqui, novamente o leitor reencontra uma metáfora da Sardenha natal, um lugar onde a dureza do território corresponde às relações humanas governadas por leis arcaicas e imutáveis. Há, portanto, uma espécie de comunhão mística entre estados mentais e paisagísticos. A escrita em primeira pessoa, apoiada por uma estrutura linguística / sintática sarda e latina, além de destacar elementos autobiográficos (outro elemento estilístico da literatura de Deledda), dá força e intensidade à narração. Paralelamente à jornada interior feita pelo protagonista / escritor, seguimos a jornada de trem dos recém-casados ​​até a aldeia, marcada pela lembrança incômoda do amante do passado. Central é a situação emocional e psicológica do narrador, mas é o vento que, ao adquirir a fisicalidade real, consegue com sua força decidir o destino das pessoas. É necessário, portanto, encontrar a capacidade de reagir diante de um destino aparentemente inexorável.

2. O espírito dos meus pais continua a subir na chuva. Este é o principal romance do escritor argentino radicado na Espanha, Patricio Pron. Seu protagonista é um escritor jovem que retorna à Argentina porque seu pai, um jornalista, está morrendo. O retorno à cidade pequena no pampa se mostra intenso: lembranças familiares, traumas políticos, a memória da infância em meio à angústia dos adultos diante do regime de terror instaurado pela ditadura no país durante os anos 1970. Revolvendo a biblioteca doméstica, enquanto tenta retomar o contato com a memória paterna, o protagonista se depara com uma série de recortes e mapas que dão conta do desaparecimento recente de um habitante da cidade. O mesmo homem teve uma irmã raptada e assassinada pelas forças oficiais em 1977. Começa então uma espécie de busca detetivesca. Ele leva essa tarefa a cabo enquanto tenta descobrir por que o homem desapareceu e igualmente as razões que levaram seu pai a empreender uma busca tão obstinada dessa história – que tipo de sentimento o motivou, afinal? Os propósitos serão descobertos pelo leitor a partir de um jogo cuidadoso de simetrias que pode estar ligado aos anos terríveis da ditadura. Esta é uma narrativa que oscila entre a autoficção e o gosto por listas, enumerações, além de descrições mais realistas com uma inclinação acentuada para o enredo das histórias policiais. A tradução de Gustavo Pacheco saiu pela editora Todavia.

3. O supermacho – romance moderno. Esta não é a obra com a qual Alfred Jarry ficou reconhecido, mas o leitor não deixará de encontrar aí os motivos que levaram o escritor a figurar entre os mais importantes nomes do vanguardismo francesa. Este é um romance provocador que lida de forma irônica com a estreita relação entre máquinas e homens, imposta pelo Futurismo. A narrativa se passa em 1920, dezoito anos à frente da data de publicação, o que ajuda a explicar o subtítulo romance moderno. Irreverente, erótico, repleto de jogos de linguagem e de elementos que o fazem flertar com a ficção científica, o livro relata, entre outras conquistas, a possível saga de um homem capaz de realizar o ato amoroso em escala sobre-humana. A tradução republicada no Brasil pela Ubu, editora que traz o nome da célebre personagem e Jarry, é a de Paulo Leminski; a edição tem posfácio do poeta, mais textos de Annie Le Brun e Giorgio Agamben e ilustrações de Andrés Sandoval.
  
BAÚ DE LETRAS

1. Na sexta-feira, 26 de setembro, passou o aniversário do poeta T. S. Eliot. Daí, reunimos neste link um conjunto de publicações realizadas pelo Letras sobre o poeta e sua obra. Entre os destaques, uma post que leva o leitor a experienciar a audição de “Quatro quartetos” recitado pelo próprio autor. 

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