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Mostrando postagens de agosto, 2019

Boletim Letras 360º #338

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Assim como todas as postagens na web do Letras saíram a grande improviso e custo, este boletim foi realizado na desconfortável área de uso comum do Aeroporto de Guarulhos. Estamos em trânsito e, por isso, a edição do Boletim Letras 360º deste sábado não trará as seções extras de sempre: Dicas de Leitura, Vídeos versos e outras prosas e Baú de Letras. Mas, a seguir todas as notícias apresentadas durante a semana em nossa página no Facebook. Boas leituras! Novos detalhes sobre a edição brasileira de Arquipelágo Gulag . O li vro sai em outubro de 2019.  Segunda-feira, 26 de agosto Considerado o primeiro romance da emigração italiana,  Em alto-mar , de Edmondo De Amicis ganha nova edição por aqui. O livro de Edmondo foi lançado na Itália em 1889 e teve dez edições em apenas duas semanas: um verdadeiro Best-Seller. Em Alto-Mar  é o relato da travessia que De Amicis fez do porto italiano de Gênova ao de Montevidéu, em 1884. Toda a narrativa se passa a bordo do navio Gali

Minha maior lição lendo sobre conservadorismo: não ver o outro como monstro

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Por Rafael Kafka Há um ano, quando houve a corrida eleitoral mais tensa de todas as que testemunhei, eu decidi que era momento de começar a entender o pensamento do outro, de ouvir e ler mais sobre aquilo que eu criticava. Quando adolescente, eu tinha um conhecido que dizia que tinha vontade de ler a Bíblia para entender melhor os argumentos fundamentalistas e assim tecer críticas mais válidas a eles. Achei aquilo interessante e decidi tentar fazer o mesmo, mas parei de ler o livro sagrado cristão ainda no Pentateuco e só retomei a leitura doze anos depois, em 2019. Mais uma vez me encontro na dificuldade de ter parado a leitura e estou procurando tempo para voltar ao texto, mas mesmo diante dessa dificuldade e do fato do dito conhecido ter virado ele próprio um fundamentalista, eu comecei a sentir um prazer muito interessante em estudar o pensamento do outro, em entender que o que ele diz não é nenhum absurdo. Eu apenas veja as coisas de forma diferente. Após as el

Xeque-mate, de Maria Azenha

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Por Pedro Fernandes Xeque-mate é uma derivação do termo de origem persa شاه مات‎   (šah mât) e quer dizer “o rei está morto”; a expressão é usada no enxadrismo para designar o lance em que o rei é atacado por uma ou mais peças adversárias e cujo resultado é o encerramento da partida. Para dar mate, o jogador se utiliza de um conjunto mínimo de peças: rei e dama contra rei; rei e torre contra rei; rei e dois bispos contra rei; ou rei, bisco e cavalo contra rei. Isto é, trata-se de uma jogada-limite realizada com as peças mais significativas do tabuleiro. Xeque-mate foi tornada palavra-chave por Maria Azenha para nomear o conjunto de poemas reunidos pela Editora Urutau; o livro publicado no Brasil em 2018 é o segundo título da poeta portuguesa que chegou a este lado do Atlântico – o primeiro que saiu pela mesma casa editorial em 2016 chamava-se A casa de ler no escuro . O deslocamento da expressão se integra aos planos recorrentes da poesia contemporânea de propiciar, pel

“Pano de fundo variado para um destino comum”: Otto Maria Carpeaux e o romance brasileiro

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Por Guilherme Mazzafera A leitura dos inúmeros ensaios sobre literatura do austríaco-brasileiro Otto Maria Carpeaux (1900-1978), bem como de sua História da literatura ocidental , configura, na oposição entre o recorte preciso e o percurso totalizante, uma espécie de imago mundi da literatura do Ocidente cuja apreensão mais ou menos sistematizada demanda um recorte rigoroso. Aos poucos, o leitor vai construindo copioso mosaico de análises quase sempre breves que mantêm um olho rente ao objeto em estudo, respeitando sua expressão individual, e outro no lastro histórico do qual ele deriva, sem, no entanto, a ele se limitar. No caso deste breve ensaio, proponho um exercício sintético, perseguindo o fio do romance brasileiro na crítica literária de Carpeaux¹. Tendo chegado ao Brasil em 1939 e se estabelecido no Rio de Janeiro como colunista do Correio da Manhã em 1941, a entrada do elemento brasileiro em seu ofício crítico dá-se, nos livros, por meio da seção “No mundo novo

Sobre O encantamento

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Por Hermann Broch Sem nenhuma dúvida, um fato que responde à psicologia de massa pode ser expresso vividamente recorrendo a uma “descrição objetiva”. Pode-se descrever o vestimenta de um flagelador ou os gritos numa partida de futebol, ou a multidão reunida em frente ao Palácio da Chancelaria de cuja sacada ressoa a voz peculiar de Hitler, e também se pode descrever de uma forma muito nítida os horrores do pogrom ; mas todas essas descrições – mesmo quando têm um plano de fundo histórico – de certa forma não passam de declarações vazias. Tudo o que dizem é que existem ações que respondem à psicologia de massa, mas nada dizem sobre sua verdadeira função e seus efeitos. Para saber algo mais que isso, é preciso investigar a alma do indivíduo, perguntar por que e de que como se fica à mercê desse fenômeno incompreensível que chamamos de “psicologia de massa”, sim, precisamente a dificuldade para entendê-lo é o que nos move a levantar tais questões. A psicologia de massa torna

Três obras fundamentais para conhecer a literatura de Herman Melville, o escritor que imaginou Moby Dick e anteviu Franz Kafka

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Em vida, seu esquecimento foi maior que sua glória. Moby Dick , o romance mais importante e celebrado de sua carreira, foi um absoluto fracasso quando foi publicado em 1851 e Billy Budd , uma fina alegoria política que toma o mar como território humano, foi publicado só postumamente. Herman Melville nasceu a 1º de agosto de 1819 e morreu em 1891 sem ver reconhecimento nem escutar grandes aplausos. Os últimos vinte anos de sua vida passou trabalhando como agente de alfândega nas docas em Nova York e tentando se recuperar da morte de seus três filhos: Malcolm, que cometeu suicídio; Lucy, que não chegou aos trinta anos e Stanwix, que morreu aos 35 anos. Há algo de trágico em Melville e ao mesmo tempo luminoso: ignorado e colocado à margem das fronteiras do universo literário de seu tempo, escreveu uma obra que tem em tudo o trágico shakespeariano, o épico e a literatura de viagem. Mas não apenas isso. Seu Bartleby prefigura Gregor Samsa de Kafka e Billy Budd inspirou uma das

Boletim Letras 360º #337

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Uma nova coleção para publicar autores portugueses no Brasil. Entre as duas estreias no âmbito do projeto, está uma antologia da poeta Adília Lopes. Mais detalhes ao longo deste Boletim. Antes de passar às notícias que divulgamos durante a semana em nossa página no Facebook, pedimos para uma visita ao nosso bazar; colocamos alguns livros do nosso acervo à venda a fim de arrecadar fundos para cobrir os gastos com a hospedagem do blog na web. Você pode nos ajudar de maneira diversas: adquirindo um livro, passando adiante essa notícia, convidando amigos que amam livros a observar nossos títulos. Muito agradecemos. Para aceder ao bazar, vá aqui . Segunda-feira, 19 de agosto A antologia Nove histórias é próximo título de J. D. Salinger a ser publicado pela editora Todavia . Neste que é um dos mais célebres e festejados livros da língua inglesa, J. D. Salinger deu a seus leitores nove obras-primas da narrativa curta. Do cultuado “Um dia perfeito para peixes-banana”, em