Boletim Letras 360º #316
Saudações,
leitoras e leitores do Letras! Apresentamos nova edição desta postagem contínua
criada há 316 semanas para reunir as notícias que divulgamos durante a semana
em nossa página no Facebook. Antes, temos três novidades para contar: 1. Firmamos
uma parceria com o blog argentino Eterna Cadencia. Os leitores mais assíduos já
devem ter visto alguns textos que aqui publicamos que são traduções de textos
apresentados neste canal; então, com a parceria, anotem, novas traduções virão e, claro, publicações de excelência. Este blog é na verdade parte de uma rede maravilhosa de criações no
universo literário; além da presença na blogosfera, existe uma editora e uma Livraria.
Chique, não? Tem um link para acesso no menu ao lado. 2. A outra boa novidade é que, em parceria com a Global Editora,
sorteamos a nova edição de Sagarana, um livro que é fundamental para todo
leitor que tem interesse em se iniciar na leitura da obra de Guimarães Rosa. Os
leitores que nos acompanham também sabem que a obra do escritor mineiro passou
para as mãos da Global que fará sua reedição integral, como novos projetos
gráficos e textos de apoio. Sagarana, por exemplo traz textos de Walnice
Nogueira Galvão e de Antonio Candido. 3. E, a partir da próxima semana, começamos a
apresentar os novíssimos colunistas do Letras. Fiquem atentos, portanto, aqui e
em nossas redes que muita coisa boa está por vir. Agora, podemos passar às notícias,
dicas de leitura e outras curiosidades da nossa web.
Sylvia Plath. Inédito da escritora chega ao Brasil no segundo semestre de 2019. |
Segunda-feira,
25 mar.
Dois
trabalhos do escritor e crítico russo Víktor Eroféiev ganharão edição no Brasil
Segundo o Estadão, a editora Kalinka publicará Encontrar o homem dentro
do homem: Dostoiévski e o existencialismo e O bom Stálin. O
primeiro título reúne ensaios de Víktor Eroféiev sobre o autor de Crime e
castigo e outros escritores, como Jean-Paul Sartre e Albert Camus e é
traduzido por Marina Darmaros. Já o segundo, trata-se de um romance. Para sua
construção, ele se utiliza de uma experiência pessoal. Durante longa data,
Eroféiev organizou a publicação da coleção de samizdat Metropol, com obras
não censuradas de escritores soviéticos e isso custou a carreira diplomática de
seu pai. Por causa disso, ele também não foi publicado na URSS durante a década
seguinte, e sua popularidade coincidiu com o colapso do regime. O escritor não
é totalmente inédito no Brasil. Por aqui, dele, já se publicou A bela
Moscou.
Terça-feira,
26 mar.
Nova edição
da poesia de Fernando Pessoa inclui poema esquecido há 80 anos
Em 17 de
julho de 1930, o poeta português publicou "Névoa", no
"Letras", caderno do Diário dos Açores; o poema apareceu
junto a "Minuete invisível", que tinha sido apresentado pela primeira vez no
primeiro (e único) número da Portugal Futurista, e a um texto de
apresentação assinado pelo jornalista Rebelo de Bettencourt. Depois dessa data,
o poema não voltou a ser publicado; até que o pesquisador e editor Vasco Rosa o
encontrou por acaso e entrou finalmente para o corpus pessoano, ao ser incluído
no mais recente volume da edição crítica da Imprensa Nacional-Casa da Moeda
(INCM): Mensagem e poemas publicados em vida. Na antologia é possível
encontrar textos de períodos muito diferentes e a edição está dividida em três
partes: uma primeira, composta pelos poemas, soltos ou em pequenos conjuntos,
publicados entre 1902 e 1935, ano da morte de Pessoa; uma segunda, onde foi
colocada a Mensagem com a sua estrutura original; e uma terceira,
com as traduções feitas e publicadas por Pessoa, organizadas por ordem
cronológica de publicação. Além de "Névoa", o volume tem outras
novidades. Uma delas é a publicação de cinco poemas em francês e em inglês:
"Trois Chansons Mortes", publicados na revista Contemporânea em janeiro de 1923, e "Meantime" e
"Spell", dados a conhecer na The Athenaeum (Londres), a
30 de janeiro de 1920, e na Contemporânea, em março de 1923. O
livro inclui também as traduções feitas por Pessoa, nomeadamente de poemas dos
uruguaios Ramón de Santiago e Alejandro Margariños Cervantes.
Quarta-feira,
27 mar.
Sai no
segundo semestre publicação de conto inédito de Sylvia Plath
"Mary
Ventura and the Ninth Kingdom" foi escrito em 1952 e ganha edição especial
pela Biblioteca
Azul. A narrativa é sobre uma jovem do momento em que é deixada pelos pais
numa estação de trem até seu destino final, marcando a passagem da adolescência
para a vida adulta de forma metafórica, lírica e intensa. Nunca antes
publicada, esta história recém-descoberta veio a lume em língua inglesa este
mês. Quando escreveu Sylvia Plath era estudante no Smith College.
Quinta-feira,
28 mar.
Um livro
para nossos dias de ignorância. Henrique Schneider volta aos anos 1970 para
reavivar um tempo que uns querem impor que não existiu
Raul é um
bancário dedicado, apaixonado por futebol, que leva uma vida tranquila em junho
de 1970, às vésperas da final da Copa do Mundo. Como todo dito cidadão de bem
da época, torce pela seleção canarinho e condena os atos dos comunistas que,
segundo o governo, ameaçam o progresso do país. Até que um dia, confundido com
um subversivo, ele é preso e atirado numa cela. A partir daí, o jogo vira, e
ele passa a viver o que de mais terrível aconteceu no Brasil nos anos de
chumbo. Setenta sai pelo selo Não Editora / Dublinense.
Sexta-feira,
29 mar.
Gabriel García
Márquez e sua família foram espionados pelo estado mexicano
O relatório
da Direção Federal de Segurança elaborado entre 1967 e 1981, revela vigilância
sobre o escritor entre México, Colômbia e Cuba – revela El Grand Diario de México.
Durante o período citado espiões seguiram o escritor em reuniões, tertúlias, manifestações
políticas e interceptou cada carta e manifesto assinados por ele em apoio à liberdade
de presos políticos pelo movimento estudantil de 1968. Os documentos incluem
imagens captadas em vários momentos, como no avião rumo a Havana em 30 de abril
de 1980, para onde García Márquez viaja (sempre continuamente) para encontros com
o amigo Fidel Castro ou a participação do escritor na posse do socialista
François Mitterrand como presidente da França. Além dele, os filhos e sua companheira
também são citados nos relatórios – acompanharam movimentos sobretudo de
Rodrigo García Barcha, investigando seus antecedentes escolares e as viagens
que fez a Paris e outros lugares da Europa. Até agora sabia-se que o autor de Cem
anos de solidão havia sido espionado pelo FBI por mais de duas décadas,
segundo revelou o jornal Washington Post, em 2015.
VÍDEOS,
VERSOS E OUTRAS PROSAS
1. Em março de
1928, Panaït Istrati e sua companheira Marie-Louise Baud-Bovy desembarcaram no
porto de Odessa, na República Socialista Soviética Ucraniana. Eles chegam em
abril, em Kiev, onde o diretor Alexandre Dovjenko os acompanha para visitar os
estúdios de cinema. Nikos Kazantzaki se junta a eles em maio em Kiev. Neste vídeo, imagens que cobrem este percurso do autor de Kyra Kyralina. (Arquivo
Associação de Amigos de Panaït Istrati).
DICAS DE LEITURA
1. Uma casa
de bonecas, de Henrik Ibsen. Publicada em 1897 esta é considerada uma obra em
que o feminismo aflora ao final da história. A trama da peça se desdobra em
torno de Nora – esposa de um diretor de banco que a tem como frívola e inocente
–, que faz de tudo para salvar Helmer, seu marido, de uma doença; para tal fim,
ela mente e consegue um empréstimo com um homem seu caráter e sem que seu
marido ou seu pai saibam. Contudo, quando Helmer descobre, a repudia. Ela,
então, ao ver sua posição inferior na sociedade, principalmente pela humilhação
que sofre do marido, por ter feito de tudo para salvá-lo, revolta-se e resolve
deixar marido e filhos. Ibsen, criador do "Teatro de ideias", é um dos principais
nomes do chamado teatro realista moderno. Há várias edições da peça aqui recomendada
– a mais recente, publicada pela Editora Moinhos.
2. A
gaivota, de Anton Tchékov. Nesta peça, primeira grande expressão da maturidade
artística do autor russo, o personagem Treplev perscruta o futuro e nos convida
a sonhar "com o que se passará daqui a duzentos mil anos". Diante da resposta
de que "daqui a duzentos mil anos não se passará nada", Treplev replica: "Pois
então que nos seja mostrado esse nada". A gaivota foi considerada pelo próprio
Tchékhov como uma comédia sobre vidas frustradas, submissas à deterioração
social em que se encontrava toda a Rússia. Diante desse cenário, suas
personagens oscilam entre os cultores da ilusão, ou aqueles dominados pela
inércia total, enquanto outros ensaiam, ainda que timidamente, uma nova atitude
diante dos tempos futuros. Depois do fracasso da primeira montagem, uma nova e
bem-sucedida encenação da peça realizada por Stanislavski e Nemirovitch
Dantchenko trouxe para o autor o reconhecimento que sua dramaturgia merecia.
Ainda é possível encontar a tradução direta do russo realizada por Rubens
Figueiredo e publicada pela Cosac Naify em sebos; mas há ainda uma tradução da Bárbara
Heliodora editada pela Edusp em 2000.
3. Gota
d'água, de Chico Buarque. Esta pode ser considerada uma Medeia moderna e
brasileira. Os talentos de Chico Buarque e Paulo Pontes se reuniram para
revitalizar o texto clássico de Eurípides, escrito quase meio milênio antes de
Cristo, submetendo-o a uma injeção de nossa realidade urbana. Joana, mulher
madura, sofrida, moradora de um conjunto habitacional apaixona-se pelo sambista
Jasão, que desponta para o sucesso com uma música chamada Gota d’água. Creonte
é o todo-poderoso do local, dono das casas, muito rico, o poder corruptor por
excelência. Alma, sua filha, é uma burguesinha metida. O coro tradicional dos
gregos é, nesta obra, composto pelas vizinhas de Joana: enquanto lavam roupa,
desenrolam o fio da história, que culmina em tragédia. A tragédia original
versa sobre o amor da maga Medeia pelo herói Jasão. Ela foge com ele,
tornando-se sua mulher e dando-lhe dois filhos. Mais tarde, Jasão, por
conveniência, abandona-a para desposar a filha de Creonte, rei de Corinto.
Medeia, como vingança, provoca a morte da noiva graças a seu poder de magia e ―
auge da tragédia ― mata as duas crianças, preparando, com a carne delas, uma
comida que serve a Jasão. Paulo Pontes e Chico Buarque souberam reconhecer o
perene na tradição, transportando os valores que ela contém ao tempo que
vivemos. Se Medeia é uma história de reis e feiticeiros, Gota d’água é uma
história de pobres e macumbeiros. Há uma edição realizada pela Civilização
Brasileira.
BAÚ DE
LETRAS
1. Foi no
dia 28 de março de 1941 a morte de Virginia Woolf. Nesta post podem recordar o pesaroso texto de adeus da escritora. Aqui.
2. Ainda em ritmo do Dia Mundial do Teatro, recordamos esta lista que reúne a recomendação de outras onze peças.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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