Boletim Letras 360º #311
No dia 25 de fevereiro sortearemos um leitor do Letras para levar um exemplar da nova edição do Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Interessados em participar podem visitar nossa página no Facebook. Já na quinta-feira disponibilizaremos um novo sorteio e será, para aguçar a curiosidade outro lançamento da obra da reedição da obra de Tolkien. Além de brindes legais, não deixe de acompanhar o Letras por outro motivo, este mais nobre: saberes e sabores do literário. Aqui e em todas as nossas redes. Abaixo uma pequena amostra sobre as informações que circulam em nossa página no Facebook.
Novo título do expressivo teatro de Oduvaldo Vianna Filho ganha reedição. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
18/02
>>> Brasil: O
nervo do poema, uma antologia para Orides Fontela
A antologia
organizada por Patrícia Lavelle e Paulo Henriques Britto reúne releituras
contemporâneas da poesia de Orides Fontela e poemas que, como os dela, exploram
as inervações reflexivas das imagens poéticas, criando "logopeias". Esboça-se,
assim, um panorama das retomadas e releituras da poeta, ou de caminhos por ela
indicados, em diferentes poéticas contemporâneas. São 23 autores, que enviaram
textos inéditos, compostos especialmente para esta edição, e/ou trabalhos
publicados que se inscrevem de maneira significativa nessa proposta editorial;
aí estão poemas de Ana Martins Marques, Paula Glenadel, Josely Vianna Baptista,
Lu Menezes, Patrícia Lavelle, Leila Danziger, Marcos Siscar, Masé Lemos,
Marília Garcia, Laura Erber, Edimilson de Almeida Pereira, Prisca Agustoni,
Alice Sant’ana, Heitor Ferraz Mello, Tarso de Melo, Katia Maciel, Simone
Brantes, Ricardo Domeneck, Mônica de Aquino, Claudia Roquette-Pinto, Paulo
Henriques Britto, Ricardo Aleixo e Age de Carvalho. Este conjunto de poemas
procura refletir a importância da produção de mulheres que, como Orides, vêm
trazendo inovações importantes para a poesia brasileira contemporânea, e em
particular para suas relações com o pensamento. O livro é editado pela Relicário
Edições.
>>> Brasil: João do Rio
e Robert Louis Stevenson reeditados pela Carambaia
A coleção
Acervo apresenta os títulos lançados pela editora nas edições limitadas e
numeradas na forma de uma série colecionável. Cada volume traz o texto integral
da edição original, com todos os seus aparatos, em formato econômico, com
projeto gráfico unificado, especialmente desenvolvido para acomodar a coleção.
Com a mesma qualidade de impressão e papéis especiais, os títulos do Acervo são
encadernados em brochura, com fitilho personalizado, a preços mais acessíveis.
Depois de esgotadas as edições de Crônica, Folhetim, Teatro e Viagem com um burro pelas Cevenas, de João do Rio e de Robert Louis
Stevenson, respectivamente, as obras voltam aos leitores neste novo formato. O
primeiro título reúne uma seleção de crônicas, reportagens, contos ficcionais,
entrevistas, peças, sainetes, folhetins e artigos produzidos entre 1899 e 1919
pelo escritor carioca. Boa parte dos textos nunca saiu em livro, apenas nos
jornais – que permaneceram mais de 100 anos guardados em arquivos e
bibliotecas. O título seguinte foi o segundo livro escrito por Robert Louis
Stevenson. Trata-se de um pitoresco diário narrando a travessia feita pelo
autor escocês – acompanhado de uma jumenta, a quem chama de Modestine – pela
cadeia montanhosa das Cevenas, no sul da França.
Terça-feira,
19/02
>>> Brasil: Reedição de Ondas curtas, do poeta Alcides Villaça
Alcides
Villaça observa que não compõe livros; simplesmente escreve poemas, de forma
assistemática, e os reúne em livros. Foi assim com esta coletânea de 71 poemas
inéditos escritos ao longo dos últimos anos. Seu caráter transeunte está
conotado no título, que aponta para a ambiguidade ao lembrar que curtas são as
ondas de rádio que viajam muito. Para estabelecer um mínimo de organização - ou
de simulacro dela, diz o autor -, os poemas estão dispostos em seções
temáticas: "Câmara de eco", "Suas sombras",
"Playback", "Notícias" e "Surdina". Os vínculos e
o ofício do professor, o amor pela música e pela literatura, lembranças da
infância, instantâneos de São Paulo, bem como amores e perdas se agrupam nessas
cinco seções à maneira de um concerto. Reunidos, os poemas do livro compõem um
retrato sensível da vida do poeta. Ondas curtas foi o terceiro título da
coleção Poesia brasileira contemporânea, lançada em 2013 pela Cosac Naify, que
sai agora pela SESI-SP Editora.
>>> Brasil: Nova edição
de O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues
Publicada em
1960, esta que é uma das peças mais conhecidas do grande dramaturgo brasileiro
versa a respeito de um embaraçoso ato de misericórdia (um beijo na boca dado a
um homem por outro homem na hora de sua morte) e suas repercussões na
sociedade. Um repórter sensacionalista e um delegado corrupto fazem do ato um
escândalo social, abalando a reputação de Arandir, que diz ter atendido o
pedido do moribundo, levando a uma exacerbação dos sentimentos e tudo conduz a
um trágico e surpreendente desfecho. A peça, escrita especialmente para o
Teatro dos Sete, foi encenada pela primeira vez em 1961, dirigida por Gianni
Ratto, com Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Fernando Torres,
entre outros no elenco. Sucesso no teatro, três anos depois O beijo no
asfalto ganhou sua primeira versão para o cinema; outras duas adaptações seriam
apresentadas mais tarde. A terceira foi em 2018, com direção de Murilo Benício
e elenco com Fernanda Montenegro, Lázaro Ramos, Débora Falabella, Stênio
Garcia, Otávio Muller, Luiza Tiso, Marcelo Flores, Arlindo Lopes e Amir Haddad.
A nova edição da obra sai pela Editora Nova Fronteira.
Quarta-feira,
20/02
>>> Brasil: Ensaios
sobre as múltiplas faces de Fernando Pessoa
O livro Fernando Pessoa & Cia. não heterônima nasceu de um curso de
extensão realizado na Universidade de São Paulo. Reúne dezessete ensaios
selecionados por Caio Gagliardi que buscam promover o diálogo entre a obra de
Fernando Pessoa e as de outros escritores, sejam anteriores, contemporâneos ou
posteriores a ele, autores tão diversos como William Shakespeare, Woody Allen,
Lawrence Ferlinghetti e Carlos Drummond de Andrade. A edição é da Editora
Mundaréu.
>>> Brasil: Nova edição
para A náusea, primeiro romance de Jean-Paul Sartre
É também o
livro considerado pela crítica e pelo próprio autor como o mais perfeito de sua
sempre inquieta e inovadora carreira. O protagonista desta história é o
intelectual pequeno-burguês Antoine Roquentin, símbolo de uma geração que
descobre, horrorizada, a ausência de sentido da vida. Em um diário, o
personagem passa, então, a catalogar impiedosamente todos os seus sentimentos,
que culminam em uma sensação penetrante e avassaladora: a náusea. Publicado
pela primeira vez em 1938, o livro foi um marco na ficção existencialista e é
até hoje um dos textos mais famosos da literatura francesa do século XX. Esta
edição conta com prefácio inédito de Caio Liudvik, doutor em Filosofia e autor
de Sartre e o pensamento mítico; o livro sai pela Nova Fronteira na
coleção Clássicos de Ouro.
Quinta-feira,
21/02
>>> Brasil: Publica-se edição comemorativa aos 50 anos de um clássico moderno, o mais
importante da obra de Kurt Vonnegut
O humor e
estilo únicos e originais de Kurt Vonnegut o fizeram um dos escritores mais
importantes da literatura estadunidense. Sarcástico, ele foi capaz de escrever
sobre a brutal destruição da cidade de Dresden, na Alemanha, durante a Segunda
Guerra Mundial ― sem apelar para descrições sensacionalistas. Em vez disso,
criou uma história imaginativa, muitas vezes engraçada e quase psicodélica,
estrategicamente situada entre uma introdução e um epílogo autobiográficos.
Assim como Billy Pilgrim, o protagonista de Matadouro-Cinco,
Vonnegut testemunhou como prisioneiro de guerra, em 1945, a morte de milhares
de civis, a maior parte deles por queimaduras e asfixia, no bombardeio que
destruiu a cidade alemã. Billy tinha sido capturado e destacado para fazer
suplementos vitamínicos em um depósito de carnes subterrâneo, onde os
prisioneiros se refugiaram do ataque dos Aliados. Salvo pelo trabalho, depois
de ter visto toda sorte de mortes e crueldades arbitrárias e absurdas, Billy
volta à vida de consumo norte-americana e relata sua pacata biografia,
intercalando sua trajetória aparentemente comum com episódios fantásticos de
viagens no tempo e no espaço. Ao capturar o espírito de seu tempo e a
imaginação de uma geração ― afinal, o livro foi publicado originalmente em
1969, em plena guerra do Vietnã e de intensos protestos e movimentos culturais
―, o livro logo virou um fenômeno e sua história e estrutura inovadoras se
tornaram metáforas para uma nova era que se aproximava. Ao combinar uma escrita
cotidiana, ficção científica, piadas e filosofia, o autor também falou das
banalidades da cultura do consumismo, da maldade humana e da nossa capacidade
de nos acostumarmos com tudo. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera
coincidência. A tradução de Daniel Pellizzari sai pela Editora
Intrínseca.
>>> Brasil: Sai ainda
neste primeiro semestre de 2019 a coletânea Quarenta contos, do
estadunidense Donald Barthelme
As histórias
abordam um amplo leque de assuntos – de Paul Klee a Goethe, de relacionamentos
amorosos a divórcio –, retratados pelo olhar sensível e inusitado de Barthelme.
Revelado nos anos 1960 nas páginas da revista The New Yorker,
Donald Barthelme se tornou nos anos seguintes um dos expoentes do
pós-modernismo. Ganhador do National Book Award e autor de livros de ensaios,
contos e romances, a obra de Barthelme marcou profundamente a cultura americana
nas últimas décadas do século XX. Para além dos rótulos críticos, seus livros
continuam hoje a repercutir na obra de autores do mundo inteiro que o reconhecem
como um desses raros escritores capazes de trazer algo de novo à velha arte de
contar histórias. Barthelme marcou uma geração de romancistas – Salman Rusdie,
David Foster Wallace, Dave Eggers, entre outros, estão entre seus fãs. Quarenta contos têm tradução de Daniel Pellizzari sai pela Rocco.
No Brasil, a mesma casa editorial já publicou o romance O pai
morto.
Sexta-feira,
22/02
>>> Brasil: Um
extraordinário livro de memórias – contado inteiramente através de experiências
de quase morte – de uma das romancistas mais vendidas da Grã-Bretanha
Existo,
existo, existo é o espantoso livro de memórias de Maggie O’Farrell sobre
as experiências de quase morte que pontuaram e definiram sua vida. A doença da
infância que a deixou de cama por um ano, à qual não esperavam que sobrevivesse.
Um desejo adolescente de fuga que quase terminou em desastre. Um encontro com
um homem perturbado numa trilha remota. E, o mais aterrador de tudo, uma luta
diária e contínua para proteger sua filha – para quem este livro foi escrito –
de um problema de saúde que a deixa inimaginavelmente vulnerável à miríade de
perigos da vida. Dezessete encontros discretos com Maggie em diferentes idades,
em diferentes locais, revelam toda uma vida em uma série de instantâneos
visuais e viscerais. Numa prosa tensa que vibra com eletricidade e emoção
contida, O’Farrell capta os perigos correndo logo abaixo da superfície e
ilumina a preciosidade, a beleza e os mistérios da própria vida. A tradução de
Adriana Lisboa sai pela Dublinense.
>>> Brasil: Fora de
catálogo há 40 anos, peça Papa Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho
ganha reedição
Oduvaldo
Vianna Filho nasceu no Rio de Janeiro em 1936. Ligado à militância política por
influência de seus pais, cresceu em contato com quadros históricos do Partido
Comunista Brasileiro. Ao ingressar no movimento estudantil, ainda na
adolescência, organizou, juntamente com Gianfrancesco Guarnieri e outros
companheiros, o Teatro Paulista do Estudante. Ao longo de sua carreira Vianna
participou de frentes de trabalho fundamentais para a renovação da dramaturgia
e do teatro como veículos de reflexões estéticas e políticas: o Teatro de Arena
de São Paulo, o Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes
(CPC), e o grupo Opinião, do Rio de Janeiro. No CPC seu trabalho teve crucial
importância para a criação de um teatro político de rua, de que ele participou
como dramaturgo e como ator. A censura impediu que a grande maioria das peças
que Vianna escrevera após o golpe fossem encenadas, mesmo que tivessem sido
premiadas pelo concurso de dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro, como
Papa Highirte, de 1968 e Rasga coração (1974). A
primeira peça sai agora. Nela, Juan Maria Guzamón Highirte, conhecido como Papa
Highirte, é um ex-ditador exilado na fictícia república latino-americana de
Montalva. Deposto pelos generais, Papa passa a viver em Alhambra, num bunker
com seus empregados Grissa e Morales, e com sua amante Graziela. Seu cotidiano
é entremeado de memórias dos decretos e feitos "para o bem do povo",
até que um novo motorista chega para abalar suas certezas sobre si. O soturno
Pablo Mariz, amante de Graziela, é interrogado por Papa e Morales, mas, apesar
da desconfiança de ambos a respeito da origem do rapaz, consegue o trabalho. Ao
longo da trama descobre-se a verdadeira intenção de Mariz: vingar-se de
Highirte pela morte de seu amigo Manito. Escrita num dos anos mais conturbados
politicamente em todo o mundo a peça foi intitulada em alusão ao ditador
haitiano que governou de 1957 a 1971, François Duvalier, conhecido como Papa
Doc, e tem três temas centrais: o declínio do populismo caudilhista, a
organização das militâncias de luta armada e a influência da política externa
estadunidense no continente americano. Personificando cada um desses assuntos
em personagens bastante pitorescos, Oduvaldo Vianna Filho escreveu o trabalho
teatral mais significativo sobre o esforço da esquerda perante o autoritarismo,
a tortura e a repressão daqueles anos. A peça só foi liberada para publicação e
encenação em 1979, no início da chamada redemocratização. Papa
Highirte é, na opinião de muitos críticos, um retrato sintético e
perfeito do panorama político das repúblicas latino-americanas. Cinquenta anos
depois, a pertinência da leitura da obra se amplia à medida que o Brasil se
depara novamente com o peso do modelo estadunidense, com a concretude do
revisionismo histórico acerca do período de governo militar e com a ascensão do
autoritarismo na política. Em si, a nitidez e a sensibilidade da percepção de
Vianna Filho a respeito das forças que estavam em jogo já permitem que a
leitura de Papa seja imprescindível nos dias de hoje. A edição da Temporal
contém apresentação e posfácio da professora e pesquisadora Maria Sílvia Betti,
fotos e ficha técnica da primeira montagem da peça e sugestões de leitura a
respeito da obra de Oduvaldo Vianna Filho.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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