Boletim Letras 360º #309
Estas foram as notícias que circularam durante a semana no Facebook do Letras. Nossa página nesta rede social alcança agora 73 mil pessoas, um universo que se duplicado daria uma constelação. E só podemos agradecer o interesse por nosso trabalho, este é o único retorno concreto que temos para uma atividade que é pura dedicação espiritual.
O terceiro livro de Roberto Bolaño e o que primeiro chamou atenção da crítica ganha edição no Brasil. Mais detalhes ao longo deste Boletim. Foto: Daniel Mordzinski |
Segunda-feira,
04/02
>>> Brasil: A poesia de
Álvaro de Campos por Teresa Rita Lopes
Álvaro de
Campos não é apenas um heterônimo de Pessoa como Alberto Caeiro e Ricardo Reis
– os três únicos que receberam esse estatuto. Além de ter tido, como os outros,
uma vida e um estilo próprios, e, por isso, uma inteira independência face ao
seu criador, Campos saltava do palco da ficção em que fora idealizado para o
rés-do-chão da realidade e intervinha no dia-a-dia do seu duplo (namoro,
entrevistas aos jornais, etc). Pessoa escreveu que Campos é a personagem de uma
peça. O que falta é a peça. E também, textualmente, que o dramaturgo é o máximo
do poeta. É conhecida mas não levada a sério a afirmação pessoana de que cada
um dos seus heterônimos constitui um drama e, todos juntos, outro drama.
Escreveu também Pessoa que tinha previsto a evolução de cada uma dessas
personagens, e que pensava publicar esses livros com os seus horóscopos
(biografias abreviadas, afinal) e, até, fotografias! Esta obra, também editada
por Teresa Rita Lopes, uma das maiores especialistas na obra do autor
português, tenta fazer-lhe a vontade. Aproveitando, inclusive, o título que
para ele previu, Vida e Obras de Álvaro de Campos, que nenhum
editor usou até hoje. A edição é da Global Editora.
>>> Brasil: O mais
recente romance do polêmico escritor francês Michel Houellebecq, chega às
livrarias brasileiras ainda em 2019
Sérotonine sairá pela Alfaguara. Apresentado no início de janeiro na França, a obra esteve
em extensas matérias nos principais jornais do país e motivo para debate em
horário nobre nos noticiários televisivos. No romance, Florent-Claude Labrouste
tem 46 anos, detesta seu nome e se medica com Captorix, um antidepressivo que
libera serotonina e que tem três efeitos adversos: náuseas, apagamento da
libido e impotência. Lúcido niilista, Houellebecq constrói uma personagem e
narrador obsessivo e autodestrutivo.
Terça-feira,
05/02
>>> Brasil: Nova edição
de Ai de ti, Copacabana! no projeto de reapresentação da obra de
Rubem Braga
Este é o
livro mais lembrado quando o nome do imbatível cronista Rubem Braga vem à tona.
O livro traz crônicas do autor que se tornariam célebres como "História triste
de tuim", "Os trovões de antigamente", "O padeiro", "Quem sabe Deus está
ouvindo", "A minha glória literária", "História de pescaria", além da
surpreendente crônica que dá nome ao livro, na qual Rubem faz uma espécie
de ode ao bairro carioca, destacando seus vícios e virtudes. A vista inebriante
da Cordilheira dos Andes, a empolgação inocente de um taxista português no Rio
acompanhando um navio cruzando a orla carioca, a notícia da separação de um
casal amigo. Toda sorte de acontecimentos, grandiosos ou não, é ternamente
transmutada por Rubem Braga nas crônicas de Ai de ti, Copacabana!.
>>> Brasil: A
honra perdida de Katharina Blum, de Heinrich Böll é o novo da coleção
Ilimitada da Editora Carambaia
Esta obra
trata dos mecanismos de difamação e violência psicológica a que estão
submetidos cidadãos comuns mesmo em democracias estabelecidas como a Alemanha
Ocidental dos anos 1970. Escrito nessa época (1974), é um relato seco que, se
nunca perdeu fôlego, ganha novas dimensões com o atual domínio dos meios de
comunicação digitais, em particular o fenômeno das fake news. Sua
atualidade e precisão são um desdobramento coerente da obra do autor, Heinrich
Böll (1917-1985), prêmio Nobel de Literatura de 1972 e dono de uma percepção
crítica e impiedosa de seu tempo. Katharina Blum é uma jovem que vive de
serviços domésticos, numa rotina organizada e sem sobressaltos. Conhece um homem
numa festa de carnaval e passa a noite com ele em sua casa. A polícia a procura
no dia seguinte para interrogá-la, uma vez que o recém-conhecido, chamado
Ludwig Götten, é suspeito de vários crimes. O caso adquire notoriedade e passa
a ser um filão rentável para um diário sensacionalista identificado no livro
como O JORNAL, disposto a “provar” que Katharina é cúmplice de Götten. Sua vida
é escrutinada e virada ao avesso para o deleite de uma parte da opinião
pública. Suspeitas, depoimentos mal-intencionados e mentiras servem para
construir (ou destruir) uma personalidade tida como culpada. Katharina é
acusada de abandonar seus pais idosos, ser sexualmente promíscua, ter simpatias
esquerdistas, esconder uma riqueza de origem obscura e fazer "estranhos" passeios
noturnos de carro. A pressão sobre Katharina leva a um desenlace trágico,
revelado já nas primeiras páginas do livro. A obra foi traduzida por Sibele
Paulino e tem posfácio de Paulo Soethe, professor da Universidade Federal do
Paraná (UFPR). A capa, desenhada por Bárbara Abbês, traz uma imagem que pode
ser tanto o alvo de uma arma de fogo como o visor de uma câmera fotográfica, em
referência à violência que engloba a atividade da polícia, da justiça, da
imprensa e da própria protagonista.
Quarta-feira,
06/02
>>> Brasil: Depois de A queda de Gondolin e Beren e Lúthien, O
Silmarillion
Este é um
relato dos Dias Antigos da Primeira Era do mundo criado por J.R.R. Tolkien. É a
história longínqua para a qual os personagens de O Senhor dos Anéis e O Hobbit olham para trás, e em cujos eventos alguns deles, como
Elrond e Galadriel, tomaram parte. Os contos de O Silmarillion se
passam em uma época em que Morgoth, o Primeiro Senhor Sombrio, habitava a
Terra-média, e os Altos-Elfos guerreavam contra ele pela recuperação das
Silmarils, as joias que continham a pura luz de Valinor. O livro começa com
"O Ainulindalë", o mito da criação do Universo, seguido pelo
"Valaquenta", onde estão descritas a natureza e os poderes de cada um
dos deuses. O "Akallbeth" narra o apogeu e a queda do reino da grande
ilha de Númenor no final da Segunda Era e "Dos Anéis de Poder" fala
dos grandes eventos no final da Terceira Era, como narrado em O Senhor
dos Anéis. A edição da Harpercollins
Brasil tem tradução de Reinaldo José Lopes e sai em capa dura e com
pôster.
>>> Brasil: "A
Trilogia Cósmica" criada por C. S. Lewis
Estes livros
são resultados de uma aposta entre Lewis e seu grande amigo J.R.R. Tolkien.
Segundo relatos, os temas foram decididos no cara ou coroa; Lewis ficou com
viagem no espaço, e Tolkien com viagem no tempo. Tolkien acabou não cumprindo a
aposta, enquanto Lewis não parou em um só livro. A famosa amizade entre os dois
foi eternizada pela criação da personagem principal, Elwin Ransom, professor e
filólogo, assim como Tolkien. Nessas aventuras de Dr. Ransom pelo espaço
encontramos criaturas mágicas, um mundo de encantos, batalhas épicas e
revelações de verdades transcendentes. Em edição capa dura, a trilogia
traduzida por Carlos Caldas sai pela Thomas
Nelson Brasil.
>>> Brasil: Nunca
fui ao Brasil, do poeta austríaco Ernst Jandl (1925-2000), com seleção e
tradução de Myriam Ávila e edição bilíngue sai pela Relicário
Edições
Poeta
austríaco, nascido e falecido em Viena, Ernst Jandl é um dos mais
representativos autores modernos de língua alemã, conhecido por seus poemas
concreto-experimentais, denominados por ele sprechgedichte (poemas falados),
por sua relação intrínseca com a performance oral, que o poeta praticou durante
toda a vida. Publicou pela primeira vez em 1952, na revista Neue Wege (Novos
caminhos). Jandl trabalhou muito tempo como professor de alemão e inglês em uma
escola secundária de Viena. Em 71, esteve na Universidade do Texas, como
professor convidado, conhecendo ali o poeta brasileiro Augusto de Campos, com o
qual participou de leituras públicas de poesia. Traduziu Gertrude Stein, John
Cage e Robert Creeley. Recebeu inúmeras distinções por sua obra, entre os quais
os prêmios Georg Trakl, Georg Büchner e Friedrich Hölderlin.
Quinta-feira,
07/02
>>> Brasil: O mais
importante documento poético-político da antiguidade das Américas, o Popol Vuh, Livro do Conselho, ou Livro da Comunidade ganha nova
tradução no Brasil
Este livro
guarda a cosmogonia, o amanhecer da natureza e da humanidade, a mitologia
heroica, a história e a genealogia dos Maia-Quiché da Guatemala. A tradução
crítica de Josely Vianna Baptista resulta de um esforço de interpretação do
original maia-quiché a partir do confronto entre sete traduções feitas
diretamente dele para o espanhol e o inglês. Ela também consultou,
pontualmente, traduções diretas e indiretas em outras línguas, e percorreu uma
variada cartografia de estudos, códices e dicionários do período colonial –
além de, vez por outra, ter feito uma visita à prosa cerrada do manuscrito do
frei dominicano Francisco Ximénez, a versão mais antiga do Popol
Vuh que temos disponível. A edição da Ubu conta com notas e uma
introdução da tradutora, e o prólogo, a introdução e as notas que acompanham a
versão do manuscrito de Ximénez traduzida para o espanhol pelo erudito
guatemalteco Adrián Recinos. Grande conhecedor das culturas mesoamericanas, em
sua introdução Recinos traz informações detalhadas sobre o Popol
Vuh e seu entorno histórico e cultural. Há ainda um texto do arqueólogo Daniel
Grecco Pacheco sobre o papel e a importância deste livro clássico.
>>> Brasil: Outra vez O corvo, de Edgar Allan Poe
Escrito em
1845, este poema transformou-se rapidamente, depois de sua descoberta por
Baudelaire, em um dos textos mais famosos da literatura universal. Neste livro
organizado por Ivo Barroso, reúnem-se, além das clássicas traduções francesas
de Baudelaire e Mallarmé, todas as mais importantes traduções em língua
portuguesa cobrindo um período de quase um século, com infinitas diferenças e
similitudes, duas divertidas paródias e as versões em cordel. Esta publicação
apresenta também uma sucinta biografia de Poe, a fim de que os leitores possam
conhecer certos aspectos relevantes de sua vida e avaliar o estado de espírito
em que o poema foi gerado. O livro sai pela SESI-SP Editora.
>>> Brasil: A
literatura nazista na América, de Roberto Bolaño
Este livro
é, nas palavras do autor, "uma antologia vagamente enciclopédica da literatura
nazista produzida na América entre 1930 e 2010". A literatura nazista na
América — que pode ser lido como um volume de contos, mas,
principalmente, como um romance, conforme desejava seu autor — chegou às
livrarias em 1996, mesmo ano de Estrela distante. E isso não
poderia ser mais programático. Em Estrela distante, o
protagonista é um piloto da Força Aérea Chilena envolvido com a tortura e uma
série de assassinatos durante os anos de Pinochet. Esse mesmo episódio é
contado no segmento final de A literatura nazista na América,
quando o narrador se despe do tom frio de dicionário e se mostra através de um
fluxo verbal sinistro e delirante. Pode-se dizer que é nesse momento que Bolaño
se torna Bolaño — foi com A literatura nazista na América, seu
terceiro livro publicado, que o escritor chileno chamou a atenção da crítica e dos
leitores pela primeira vez. O texto, que começa como um mero catálogo de
fantasias livrescas, culmina numa aterradora alegoria do destino político e da
atividade literária como uma só abominável experiência.
Sexta-feira,
08/02
>>> Portugal: O governo
português cuidará da digitalização do acervo literário dos três gabinetes de
leitura no Brasil
A ideia
primeira é fazer um levantamento das obras disponíveis nos gabinetes de leitura
de Belém, Recife e Salvador; estima-se um espólio literário com mais
de 140 mil volumes. Entre este acervo bibliográfico estão originais, em alguns
casos manuscritos, de muitos dos mais importantes escritores portugueses, como
um manuscrito de um capítulo de A cidade e as serras de Eça de
Queiroz, o manuscrito da única edição do livro Urtigas de Joaquim
Maria Carneiro Vilela, além de coleções mais completas do mundo das obras de
Camilo Castelo Branco, que inclui a primeira edição da obra Amor de
perdição. Depois do trabalho de identificação, a tarefa será a de
digitalização.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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