Boletim Letras 360º #305
Neste dia 11 de janeiro realizamos o primeiro sorteio de 2019. E anunciamos que o próximo, agora aberto a todos que acompanham o blog, terá como brinde a nova edição de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Fica conosco! O ano está apenas no começo.
Guimarães Rosa e a travessia para os sertões. Nova edição de Grande sertão: veredas sai em fevereiro.
Mais detalhes ao longo deste Boletim.
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Segunda-feira,
07/01
>>> Brasil: Inéditos de Mário de Andrade
A descoberta
é de Marina Damasceno de Sá. Em seu doutorado, ela mergulhou nos manuscritos de
Mário de Andrade reunidos no Instituto de Estudos Brasileiros e encontrou o
fichário no qual o escritor detalha o plano para um livro que queria ser um
estudo crítico sobre a poesia no Brasil até os parnasianos – sugestão apontada
por Manuel Bandeira numa das cartas de 1925 ao autor de Macunaíma. No pequeno
papel cartão, já amarelado pelo tempo, a caligrafia miúda do escritor revela os
textos que iriam compor o livro nunca realizado. “A Poetagem Bonita = reunir em
volume as críticas que tenho publicado sobre Manuel Bandeira, Gui, Oswald,
Ronald, Menotti, Sérgio Milliet, Cendrars, a página em que explico o poema do
Lonsago Cáqui que saiu em Klaxon, a sátira a Martins Fontes, a sátira a Hermes
Fontes. Tudo com pequenas modificações...”. Coube à pesquisadora encontrar e
estabelecer os textos que deveriam compor o livro. Entre eles, outro achado:
três dos textos eram inéditos. No primeiro, sem título, dedicado a Oswald,
Mário não economiza em elogios ao então amigo com quem viria a romper em 1929 e
a quem aponta como o maior poeta já surgido no Brasil. Já os dois textos sobre
Sérgio Milliet se dividem entre o elogio e a crítica. No primeiro, em que
analisa Poemas análogos (1927), Mário diz ser o amigo o “mais fatal” dos
poetas brasileiros. No segundo, “Poetas Menores”, não esconde certa decepção
com o romance Roberto, lançado em 1935. Ainda que esclareça que o adjetivo do
título não faz referência ao valor artístico mas sim a uma “concepção de vida”,
Mário diz considerar a literatura de Milliet menor. “O que, por mais que a
gente não queira, e reconhecendo toda a importância e valor do livro, é sempre
uma censura.” No total, o projeto de Poetagem Bonita reúne 23 textos, entre
críticas, crônicas e impressões, divididos em duas partes. Na primeira, Mário
marca a ruptura com os “passadistas”, por meio do artigo Farauto, em que revida
os ataques que o grupo ligado à revista Klaxon vinha sofrendo de publicações
como o Jornal do Comércio, e com sátiras ao trabalho dos poetas Hermes e
Martins Fontes. Na segunda parte, Mário se volta à análise dos modernistas e os “novos do Rio e de Minas”, escritores reunidos em torno das revistas Verde e Festa.(via Estadão)
>>> Brasil: Edição
comentada de A falência, de Júlia Lopes de Almeida
Uma das
escritoras idealizadoras da Academia Brasileira de Letras e injustamente
esquecida, imposta a não fazer parte do clã que só admitiria uma figura
feminina com a eleição de Rachel de Queirós, a obra de Júlia Lopes de Almeida
ganha importante reedição em várias casas editoriais em 2019. Uma delas é a
publicação pela Editora da Unicamp de A falência. Lançado em 1901,
esta obra destaca-se da produção literária de seu tempo. Em um cenário de
romances amorosos, Júlia Lopes de Almeida narra com crueza o enredo de uma
mulher adúltera em busca de realização, entremeado à derrocada de um exportador
de café. Camila, de origem pobre e casada com Francisco Theodoro em virtude da
comodidade que a riqueza do marido lhe traz, descobre a paixão tardiamente nos
braços do doutor Gervásio. Francisco de nada desconfia, mas terá seu ideal de
família perfeita abalado após um mau negócio que o leva à falência. A
falência levou mais de quinze anos para ser produzido, tornando-se a
obra-prima de Júlia Lopes de Almeida, uma das maiores escritoras da literatura
brasileira. A edição agora publicada traz notas e introdução de Regina
Zilberman.
Teça-feira,
08/01
>>> Brasil: Livro
reúne inéditos de Euclides da Cunha
Além de
Monteiro Lobato, 2019 é o ano do autor de Os sertões; enquanto a
obra do primeiro cai em domínio público, a do segundo será homenageada durante
o evento artístico-literário mais importante no Brasil, a Festa Literária
Internacional de Paraty. A Editora da Unesp publica, organizado por Leopoldo M.
Bernucci e Felipe Pereira Rissato o livro Ensaios e inéditos. Com o
presente volume, que inaugura a série de inéditos em prosa de Euclides da
Cunha, os leitores terão acesso a um número significativo de ensaios do autor,
cuja produção se inicia em 1883, quando ele tinha apenas 17 anos, e termina em
1909, ano de sua morte. Trata-se de um total de 31 composições de Euclides que,
em seu conjunto, reforçam a vertente ensaística de sua admirável escritura e
que ficou consolidada definitivamente em Os sertões.
>>> Brasil: Livro em que
o pensador italiano maneja escritos de Agostinho, Dante, Descartes e Rousseau,
e até mesmo tratados arcanos sobre cabala e magia, além da história do estudo
da linguagem
Filósofos,
teólogos e místicos ocuparam-se, por pelo menos dois mil anos, com o pensamento
de que em algum momento existiu uma linguagem que expressasse de forma perfeita
e inequívoca a essência de todas as coisas e conceitos possíveis. E é essa
utopia que o filósofo e escritor italiano Umberto Eco investiga em A
buscada língua perfeita na cultura europeia, no rastro da tentativa de
descobrir uma língua que fosse original, perfeita e única para toda a
humanidade. Classificado pelo próprio autor não como um livro de linguística ou
semiótica, mas, sim, pertencente à categoria de “história das ideias”, Eco, sem
defender um monolinguismo ou um poliglotismo, trabalha numa espécie de
inventário dessa busca da língua perfeita e de suas reverberações no campo das
ideias. Para isso, parte da língua anterior ao episódio da Torre de Babel e
passa pelo projeto da Ars magna de Raimundo Lúlio. Da Idade Média ao
Iluminismo, essa questão também foi uma das obsessões do Século das Luzes: uma
língua que poderia ser lida facilmente estaria relacionada à realidade de todos
e, consequentemente, promoveria a busca da verdade. Umberto Eco ainda trafega
pela hipótese indo-europeia, chegando às línguas internacionais auxiliares,
como o esperanto, e demonstra a íntima relação existente entre língua e
identidade. Eco apoia-se, ainda, nas palavras de Santo Agostinho, Dante,
Descartes e Rousseau, e busca beber até em tratados arcanos sobre cabala e
magia, além da história do estudo da linguagem e de suas origens. A edição é da
Editora Unesp e a tradução de Antonio Angonese.
Quarta-feira,
09/01
>>> Brasil: Descoberto
vídeo com cerimônia de sepultamento de João do Rio
O jornalista
que documentou de maneira inédita o dia-a-dia da vida urbanoide carioca morreu
em 23 de junho de 1921 e um registro do cortejo de seu funeral foi encontrado
pelo pesquisador e restaurador Antonio Venancio. O enterro de João Rio esteve
entre os mais frequentados do Brasil, com um público estimado de 100 mil
pessoas. O trabalho de Venancio foi meio ao acaso: há cinco anos assistiu à
cena durante uma mostra da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, que incluía na programação
a filmagem de uma corrida de cavalos no Jockey Clube de São Paulo; mais tarde “uma mulher me procurou e disse que tinha um filme de meu interesse. Nas mãos
ela tinha a lata com o filme do enterro de João do Rio”. O filme tem 13min de
duração e exibe vários pontos do trajeto até o cemitério S João Batista. Entre
as cenas, a da reunião de colegas de trabalho da redação do jornal A Pátria –
o folhetim carioca criado por ele e que lhe custou ameaças de morte e ofensas
pessoais de cunho racista, por ser negro, gordo e gay. Outra cena importante é
a que mostra a presença de Ruy Barbosa. O material foi convertido pela
produtora Afinal Filmes em filme digital 4K.
Quinta-feira,
10/01
>>> Brasil: A Companhia
das Letras divulga a capa da nova edição de Grande sertão:
veredas
A obra chega
às livrarias no próximo dia 25 de fevereiro. Em e-mail exclusivo enviado aos
leitores que assinaram para receber as Newsletters sobre a publicação de Grande sertão, saiu a explicação para este motivo construído a
partir da peça “Manto da apresentação”, do Bispo do Rosário: “para personalizar, a ideia foi substituir os nomes por personagens do Grande sertão, e assim foi”, explica Alceu Chiesorin Nunes, autor do
projeto. Publicado em 1956, Grande sertão: veredas, de João
Guimarães Rosa, revolucionou a literatura brasileira e segue despertando o
interesse de renovadas gerações de leitores em uma história de amor,
sofrimento, violência e alegria.
Sexta-feira,
11/01
>>> Brasil: O novo livro
de Roberto Saviano narra a ascensão de uma gangue na violenta Nápoles dos dias
atuais
As paranzas, grupos de adolescentes que dividem seu tempo entre o Facebook e o
vídeo game e circulam com pistolas e AK-47s, aterrorizando os moradores e
marcando território para seus chefes, ligados à máfia. Os meninos de
Nápoles conta a história da ascensão de uma dessas paranzas e de seu
líder, Nicolas Fiorillo, conhecido por amigos e inimigos como o Marajá. Seduzido
pela perspectiva de imprimir seu nome na história, ele não medirá esforços para
conquistar o bairro de Forcella ― sem levar em conta, porém, que ambição,
dinheiro e poder acarretariam consequências inimagináveis. Com toda a
vivacidade e a perspicácia que fizeram de Gomorra uma sensação mundial, o
premiado escritor Roberto Saviano nos transporta para as violentas terras
italianas neste romance de tirar o fôlego. “Saviano está de volta para contar a
história de uma Nápoles brutal e agonizante”, diz Elena Ferrante. A tradução
de Solange Pinheiro sai pela Companhia
das Letras.
>>> Brasil: O primeiro
livro de Pedro Mairal sai ainda este ano no Brasil
Depois do
sucesso de A Uruguaia, publicado em 2018, a Todavia trará
mais um título do escritor argentino. Desta vez, seu romance de estreia, cujo
título em português é Uma noite com Sabrina Love. Todas as noites
em Curuguazú, um povoado da província de Entre Ríos, Daniel Montero celebra um
ritual: assistir ao programa de televisão de Sabrina Love, a pornô-star mais
popular do momento. Por isso, quando é sorteado para passar uma noite com ela
sente-se com céu nas mãos. Sabrina o espera num hotel de Buenos Aires. Aos
dezessete anos, Daniel empreende uma viagem que, além da grande cidade, o levará
a descobrir muito mais do que havia imaginado. O romance ganhou o Prêmio Clarín
em 1998, outorgado por um júri do qual participavam Adolfo Bioy Casares,
Augusto Roa Bastos e Guillermo Cabrera Infante. O romance de estreia de Mairal
também já foi adaptado para o cinema.
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas.
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