Boletim Letras 360º #306


Iniciamos na sexta-feira, 18 jan. '19, uma chamada para novos colaboradores para o blog. Se você gosta de escrever sobre os livros que lê, ou é amigo de alguém que tem esse interesse, basta conhecer nossa proposta editorial e pode participar. Todas as informações necessárias estão disponíveis neste endereço. Esperamos ansiosos sua inscrição. A seguir, as notícias que copiamos esta semana em nossa página no Facebook. 

Inédito no Brasil, Ida é um dos romances de Gertrude Stein que será publicado por uma editora também nova. Mais detalhes ao longo deste Boletim.


Segunda-feira, 14/01

>>> Itália: Encontrada uma cópia de A última ceia, obra-prima de Leonardo da Vinci

Está no convento dos capuchinhos de Saracena, comuna da região da Calábria, província de Cosenza, na Itália. A imitação da obra que Leonardo da Vinci realizou no convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, de acordo com o jornal Corriere della Sera, estava no refeitório do monastério e ainda se desconhece o autor e a época em que foi realizada. O recinto data de 1588 e só possível chegar até ele a pé. O lugar teve certa importância entre os séculos XVII e XVIII como lugar de noviciado e de estudos. O convento foi fechado em 1915 e de 1917 a 1918 foi usado como prisão. Outras imagens estão disponíveis aqui

>>> Argentina: Quase duas dezenas de contos do escritor argentino Roberto Arlt são publicadas em livro

Anos depois da publicação dos contos completos de Arlt, com introdução de Ricardo Piglia, chega às livrarias argentinas uma antologia que poderá servir, no futuro, a uma versão ainda mais completa da obra. Trata-se da antologia El bandido en el bosque de ladrillo, que reúne quase duas dezenas de contos publicados por Arlt em jornais e revistas entre 1927 e 1942. É verdade que alguns são primeiras versões de outros já conhecidos ou reescritas de textos dados como acabados ou mesmo aparecidos em outras edições. Mas, grande parte, são textos que só conheceram os leitores de jornais e revistas do tempo de sua publicação. O trabalho a cargo de Gastón S. Gallo, editor da Simurg que publica a obra, consistiu em consultar hemerotecas e arquivos, alguns fora da Argentina, para encontrar os textos agora apresentados; “La última aventura”, por exemplo, é um conto editado na revista Mondo Argentino de 1941, mas o único exemplar no país, pertencente à Biblioteca Nacional, está sem a página onde figura o conto de Arlt. Outros são textos publicados no México, na El Nacional, de 1933 e 1934. O título da antologia foi mencionado pelo próprio Arlt numa entrevista em junho de 1930; nesse ciclo narrativo se retrataria “as gentes das gangues em três aspectos de sua vida: o ladrão no café, o ladrão no hospital e o ladrão em agonia”. Este projeto não foi adiante e o escritor incluiu em “El jorobadito”, os dois primeiros contos, que foram transformados em Las fieras; e o terceiro, “Beso de muerte”, num capítulo de Los lanzallamas.

Terça-feira, 15/01

>>> Brasil: Anton Reiser, de Karl Philipp Moritz

Moritz foi chamado por Goethe de “irmão mais jovem”; o escritor se interessou por ele pela comunhão de ideias e interesses, além das semelhanças biográficas. Anton Reiser costuma ser equiparado a uma das obras-primas de Goethe, As aprendizagens de Wilhelm Meister. Em comum, os dois romances acompanham a formação de um intelectual e questionam o papel da educação na vida de um personagem em permanente conflito entre sua vocação e as possibilidades de realizá-la. A relação entre os escritores e seu tempo é discutida no posfácio de Márcio Suzuki para a tradução inédita de José Feres Sabino que sai agora no Brasil. O livro de Moritz é uma espécie de cristalização do espírito da juventude alemã da época, romântica e idealista. O retrato mais conhecido dessa geração se encontra em Os sofrimentos do jovem Werther, romance de Goethe que causou furor em seu tempo época, influenciando até o modo de vestir dos jovens, e lendariamente considerado motivo de uma onda de suicídios na Europa. Não é por acaso que a leitura de Werther pelo protagonista Anton Reiser é decisiva em sua trajetória. A edição da Editora Carambaia tem projeto gráfico de Hannah Uesugi e Pedro Botton, do Arquivo. As ilustrações internas são do artista catarinense Pedro Franz, e captam os estados de alma oscilantes de Reiser.

>>> Brasil: Livrarias recebem livro de Dante Alighieri sobre temas de afeição do escritor, incluindo sua própria obra, e sobre questões políticas e científicas de seu tempo

Concebido provavelmente entre 1304 e 1307, quando Dante estava no exílio, Convívio é composto por uma série de comentários acerca de peças poéticas que o autor escreveu em sua juventude. Poemas alegóricos sobre o amor e a filosofia, os versos se transformam em base para explicações filosóficas, literárias, morais e políticas. O italiano foi a língua escolhida pelo autor para tais elucubrações, de modo que aqueles que não eram versados em latim pudessem ter acesso àquele conhecimento. Tal preocupação com a ideia de comunidade perpassa os quatro tratados de Convívio, todos unidos pela explícita celebração da filosofia e do que ela representa, isto é, o amor pelo saber. Trata-se de uma obra que se presta muito bem à compreensão da trajetória intelectual e espiritual do mais importante poeta da Itália. Além de compreender melhor os temas filosóficos que percorrem todos os seus escritos, incluindo a Divina comédia, este livro demonstra também a lógica política e científica de uma época. A tradução deste livro é de Emanuel França de Brito e sai pela Penguin / Companhia das Letras.

Quarta-feira, 16/01

>>> Brasil: Nova editora apresenta inédito de Willa Cather e edição esgotada de Gertrude Stein

Ponto Edita foi criada pelos tradutores Mauricio Tamboni e Luís Fernando Protásio; apresenta-se como uma editora voltada para autores inéditos no país ou pouco traduzidos. E, fazendo jus ao que indica com o projeto editorial, os dois primeiros lançamentos são, uma tradução para o esgotadíssimo Ida, de Gertrude Stein e apresentação do inédito Uma mulher perdida, de Willa Cather. Do primeiro, a única tradução em português que temos é uma lançada em Portugal nos anos setenta pela Ulisseia; então,de alguma maneira, é também um inédito por aqui. Trata-se de um romance escrito por Stein em 1941. A narrativa descreve a nebulosa história dessa personagem que dá título ao romance, do seu nascimento à idade adulta, do relacionamento da personagem com os cães, seus encontros com estranhos aos seus múltiplos casamentos. Já Uma mulher perdida data de 1923 e é como que uma resposta a Madame Bovary, um retrato sutilmente inconstante de uma mulher que reflete as convenções do seu tempo mesmo quando as desafia.

>>> Brasil: Um imigrante reconta suas histórias entre o fato e a ficção neste romance hilário e tocante sobre fronteiras, identidades culturais, política e (muito) amor.

Jovem acadêmico desembarcado nos Estados Unidos vindo da Índia, Kailash parece reverberar ecos da própria vida de Amitava Kumar. “Este é um trabalho de ficção, bem como de não ficção”, anota o autor ao fim do livro. E de fato: a relação entre verdade e criação literária fornece uma tensão irresistível à história de um universitário às voltas com pesquisas e encontros sexuais num ambiente a um só tempo puritano e teoricamente aberto às diferenças. Em sua narrativa, Kailash descreve as alegrias e decepções da experiência de imigrante; as texturas políticas e sociais da vida no campus; a influência de um professor carismático – também como ele um imigrante –; a natureza das mulheres que ama pelo caminho; e a imagem que constrói de si mesmo a partir do olhar de cada uma delas. Contando sua própria história, personifica o entusiasmo da juventude em seu idealismo e desejos caóticos. A brilhante fusão de história e reportagem, anedota e anotação, imagem e texto, dão a Os amantes uma temperatura envolvente, perspicaz, tocante e ligeiramente transgressiva. O livro traduzido por Odorico Leal sai pela Editora Todavia.

Quinta-feira, 17/01

>>> França: Submissão, de Michel Houellebecq ganhará adaptação para TV

A notícia é do site Cineuropa, que revela também tratar-se de uma nova colaboração do escritor francês com o realizador Guillaume Nicloux, naquele que será o quarto trabalho conjunto de ambos – depois de uma curta aparição de Houellebecq no telefilme L'affaire Gordji, Histoire d'une Cohabitation (2012); da comédia O rapto de Michel Houellebecq (2014) e ainda de um novo filme, C'Est Extra, que deverá ser estreado este ano, e onde o romancista contracena com Gérard Depardieu. Sobre a adaptação televisiva de Submissão, sabe-se ainda pouco; foi apenas revelado que se trata de uma co-produção franco-germânica e cuja adaptação será co-escrita pelo próprio Guillaume Nicloux, em parceria com Nathalie Leuthrau e Victor Rodenbach. Submissão foi publicado em França a 7 de Janeiro de 2015, o mesmo dia dos atentados ao Charlie Hebdo, coincidência que, de algum modo, pôde ser lida como uma antecipação da realidade relativamente à ficção: o romance de Houellebecq é uma fábula política cuja ação se situa em Paris, no ano 2022, em volta de François, um investigador universitário que vê a sua vida condicionada pela chegada à presidência do país do candidato do recém-criado partido Fraternidade Muçulmana. O escritor publicou recentemente um novo romance, Sérotonine.

>>> Brasil: Um retrato íntimo e caloroso da formação de um dos grandes nomes da poesia contemporânea estadunidense

Em Chelsea Girls, um cultuado romance repleto de álcool, drogas, sexo e arte, Eileen Myles transforma a própria vida em uma obra de arte. Dividido em episódios curtos, que transitam entre o humor, a confissão e o drama, a obra traça um retrato assombroso dessa vida intimamente ligada à arte. Poeta, performer, romancista e jornalista, Myles é, nas palavras da escritora Deborah Levy, “a peça perdida para qualquer um que só tenha lido escritores homens da geração beat”. Cheio da energia da época que mudou para sempre as letras americanas, o livro é ao mesmo tempo um testemunho do caldo cultural que agitou a cidade de Nova York nos anos 1970 – as festas, os bares, os festivais, a música e a poesia – e um relato de quem ajudou a forjar essa época. Uma crônica moderna de como uma jovem escritora quebrou com as correntes de uma rígida identidade cultural que jamais a definiu. Um retrato poderoso, comovente e divertido de uma época de efervescência e liberdade. A tradução de Bruna Beber sai pela Editora Todavia.

Sexta-feira, 18/01

>>> Portugal: A ilustre casa de Ramires está à venda

Apesar de no livro de Eça de Queirós A ilustre casa de Ramires não existirem referências diretas à Casa da Torre da Lagariça, investigadores e historiadores não têm dúvidas em apontar as coincidências geográficas e toponímicas da obra e dos lugares em Resende. O padre Joaquim Correia Duarte, membro da Academia de História, nas suas várias monografias sobre a história do concelho, defende mesmo que “Resende acaba por ser cenário principal ou secundário de quatro das obras mais importantes” do escritor. O historiador aponta que à volta da Casa da Lagariça existe o lugar e a freguesia de Ramires; a “Igrejinha e Mosteiro de Craquede” com os túmulos graníticos referenciados na obra são, na verdade, o Mosteiro de Cárquere que tem quatro túmulos; e que o próprio Gonçalo Mendes Ramires foi intitulado de “Fidalgo da Torre” por causa da edificação medieval da Lagariça. O crime do padre Amaro, Os Maias e A cidade e as serras são outros livros de Eça de Queirós cujo universo está ligado a esta região do Douro, defendem os investigadores. Pois bem, esta casa localizada na freguesia de S. Cipriano, juntamente com a quinta, está disponível à venda e custa 990 mil euros; quem comprar a "Ilustre Casa" fica com uma propriedade brasonada que foi atribuída à família Pintos, uma das mais antigas de Portugal, à qual, mais tarde, por casamento, se juntou a família Cochofel. Fica com um imóvel que foi classificado em 1977 de interesse público, tem 20 assoalhadas, uma torre medieval, jardins, vista para a serra e a “herança” do “Fidalgo da Torre” que um dia foi eleito deputado mas acabou por fugir da “hipocrisia”. (Via: Público)

>>> Brasil: A contística de Octavio Paz

Octavio Paz reuniu sua produção literária de 1949 na obra Areias movediças. O livro chega ao Brasil pela SESI-SP Editora. São dez contos que expõem uma característica marcante do autor: habilidade em escrever com uma linguagem fascinante, poética e lírica. O livro agora apresentado foi integralmente ilustrado por Gabriel Pacheco. As imagens, sempre em tons de azul e cinza, proporcionam grande conexão com o texto. A tradução é de André Caramuru Aubert.

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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidades das referidas casas. 


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