Ivan Turguêniev, espelho das contradições russas
Por Andrés Seoane O jovem Ivan Turguêniev em daguerreótipo de O. Bisson “Um dos princípios básicos da vida é a união entre os tempos, a transmissão patrimonial de valores. Um mundo sem tradição cria órfãos”. Honrando o espírito dessa frase, recordamos no 200º aniversário de seu nascimento, a figura do escritor russo Ivan Turguêniev (1818-1883), perfeito modelo do complexo século XIX num império czarista tomado de irresolutas contradições e de grandes figuras literárias. Nobre latifundiário defensor da emancipação dos trabalhadores, liberal dividido entre o conservadorismo e o anarquismo, fervoroso europeísta numa sociedade eslavófila, o escritor sempre se posicionou nas grandes polêmicas políticas de seu tempo. Muitas dessas lutas que povoaram a vida de Turguêniev já caducaram, mas, dois séculos depois, resta-nos a sua literatura, marcada pela arte da descrição, na qual brilhou como poucos. De origem nobre, nasceu em 9 de novembro de 1818 em Oriol, ao sul de Moscou,