Uma mulher fantástica, de Sebástian Lelio
Por Pedro Fernandes Poderíamos, no sempre interesse vão das classificações, dizer que Uma mulher fantástica é uma fábula sobre resistir. Não é o caso de acreditar que estaremos entregues a uma narrativa marcada pelo contraste entre o seu exterior, isto é, dos acontecimentos da realidade empírica, e o seu interior, os acontecimentos da realidade figurada. O filme de Sebástian Lelio é realista demais para acreditarmos nessa condição que é, aliás, de um todo questionável quando se fala sobre fábula. Não se pode, de maneira nenhuma, reduzir a compreensão da fábula à de narrativa integrada totalmente à atmosfera do fantasioso. O caráter fabular desta narrativa cinematográfica resulta de sua condição e interesse: contar uma história que, de alguma maneira, responde por uma conclusão universal porque o drama aí conformado se configura numa recorrência das mais comuns no cotidiano da história da humanidade. Também porque é o caso de, ao final desta narrativa, encontrarmos um